Gratidão na prática


Diariamente recebemos incontáveis coisas das pessoas, das organizações, do "universo" que, de uma forma ou de outra, sustentam nossa vida. Esta vai sendo mantida não somente por trocas, mas por doações, atos de gentileza e amor, desprovidos de expectativas ou necessidade de retorno.

Na trocas, nós damos ou fazemos algo e então recebemos. Na doação, nós recebemos sem ao menos ter feito nada em troca. Basta estar ali precisando e aberto para um ato de doação.

Receber e Doar...

Muitas vezes podemos nos encontrar em uma situação onde não temos condições de troca, seja material, seja de conhecimento ou bons sentimentos. Podemos estar afundados em confusão, tristeza, incapacidade intelectual, falta de recursos financeiros, etc o que aparentemente nos impossibilita de trocarmos qualquer coisa. Nesses momentos buscamos algo e invariavelmente encontramos alguma espécie de conforto gratuito, uma doação de alguma "boa alma" que dedica seu tempo, seus recursos financeiros, sua clareza mental, seus bons sentimentos e palavras para nos ajudar.

E então o tempo passa e saímos daquela estado onde estávamos. Já somos capazes de trocar novamente. Já somos também capazes de doar tempo, recursos financeiros, clareza mental, bons sentimentos e palavras. Não importa se ainda limitados, podemos fazer algo por alguém, assim como fomos ajudados ainda há pouco.

E eis que surge uma barreira a ser transposta: o egoísmo e aqueles fatores que derivam dele como apego, mesquinhes, sentimento de posse, individualidade, etc.

Uma barreira a ser transposta...

Quando surge essa barreira, é o momento de pensarmos se vamos dar um passo à frente em nossa existência ou vamos continuar no mesmo movimento, onde ora temos mais do que precisamos e não ajudamos ninguém; ora estamos em apuros e aproveitamos da bondade de outrem; perambulando entre a mesquinhes e a mendicância, escravos de um ego que nos prende no egoísmo e ingratidão pelas coisas que nos sustentam.

Doar é uma prática de gratidão por essas estruturas que nos acalentam nos momentos que precisamos. Pode ser um hospital, um Álcoolicos Anônimos, uma Igreja, um grupo de estudos, uma ONG, um projeto social qualquer. Seja qual for a estrutura, ela está ali trazendo benefícios para pessoas nos momentos que elas mais precisam e muitas vezes somos nós quem as procuramos. Entender que essas estruturas precisam de sustento e não existem sem a intenção e gratidão das pessoas é um passo rumo a superação da visão estreita de nossos egos.

Doar enriquece...


Quando queremos o bem dos demais e não apenas o nosso, nos livramos aos poucos da tendência de auto-centramento. Doar tempo, clareza mental, bons sentimentos, palavras e principalmente dinheiro - que é um recurso importante em termos materiais - constitui  a prática da gratidão e da compaixão pelos demais seres.

Não precisamos ganhar na loteria ou ficarmos milionários para praticarmos a doação. A doação é um ato que contradiz a lógica econômica onde ficamos mais pobres quando nosso dinheiro se vai. Pelo contrário. É um ato onde quem doa, "enriquece" tanto ou mais do que aquele que recebe. Enriquece no treinamento do desprendimento, do altruísmo, da benevolência, da compaixão por tudo e por todos e do entendimento que o dinheiro é uma consequência e não uma causa de nosso bem estar e equilíbrio material e espiritual.

Doemos! Sem dor!

Elogio e crítica: coisas diferentes ou iguais?


Em meio às ações de nossa vida diária, estamos invariavelmente lidando com algo que surge em nós -  muitas vezes sem que tenhamos consciência disso - que é uma espécie de necessidade de que o outro olhe para o que estamos fazendo e então reconheça. Esse olhar, porém, é livre e ao se processar pode produzir distintas ações, desde uma gentil congratulação até uma crítica agressiva.

Se observarmos bem, tanto elogio quanto a crítica são coisas semelhantes. São formas de reconhecimento, onde aquele que vê, irá julgar o que está vendo em uma escala de qualidade. Caso goste, irá elogiar. Caso não goste, irá criticar. Caso não ache nada, pode não dizer nada conclusivo.

O problema não está em si na liberdade de quem julga o que fazemos, mas sim na nossa tentativa de controlar esse julgamento ou esperar que ele seja sempre positivo. É natural nossa tendência de acharmos que fizemos o melhor que poderíamos, assim como é natural o outro não ter a mesma percepção.

Esperar ser reconhecido apenas com elogios é uma ilusão. Tentar sustentar essa ilusão é criar sofrimento para si próprio e evitar situações onde fatalmente seremos criticados.

A crítica muitas vezes se coloca como construtiva, por ser uma tentativa de elevar um padrão de qualidade de nossas ações. Mas toda crítica pode se tornar destrutiva, quando nossa única expectativa é sermos elogiados. E o que ela destrói na realidade? A nós? Ao nosso trabalho? Ou a nossa ilusão de que tudo será elogiado, de que tudo que fazemos é bom, perfeito e adequado?

Quando nos apegamos a uma ilusão, fatalmente algo aparecerá para destruí-la. E se sofremos, é um bom sinal de que estávamos tentando sustentar algo ilusório. Se recebemos o que quer que seja, e tentamos assimilar, temos melhores condições de ver as coisas com lucidez e não da forma como gostaríamos ou achamos que as coisas são.

O elogio seria um reconhecimento (+), ao passo que a crítica seria um reconhecimento (-). Assim como pode haver um reconhecimento neutro. Se apenas aceitarmos reconhecimentos positivos estaremos fadados a sofrer duas em cada três vezes que esperarmos por reconhecimento.

Pensemos nisso.

um estudante


INFINITAMENTE: a mente e sua capacidade de criação infinita


Você já parou para observar a capacidade de criação que sua mente possui? Sim, a sua mente! Não precisamos ser um grande músico, cientista, artista ou escritor para criarmos. Nós criamos diariamente nossa realidade, nosso mundo particular, nossos dramas e estórias. Pintamos essas estórias com a energia de nossas emoções e num passe de mágica tudo parece tão real!

Somos os atores de nossas próprias peças e encenamos muitas vezes com grande perfeição. As pessoas ao nosso redor (esposa, marido, filhos, amigos, colegas de trabalho) por vezes até participam de algumas cenas e dão um ar de realidade ainda maior.

Quem criou isso tudo?

Se você se sentiu um pouco estranho ou incomodado de ler essas últimas frases, proponho um exercício de observação. Pegue algum evento de sua vida que esteja atualmente em foco. Observe-o. Veja cada detalhe, seu histórico, as emoções que você colocou e sentiu através dele, suas projeções de como ele vai se desdobrar e suas projeções iniciais (expectativas). Tente abstrair e responda pra você mesmo uma pergunta: "Quem criou tudo isso?"

Quando damos a oportunidade dessa auto-observação acontecer, podemos nos surpreender com o nível de criação que possuímos e de que forma utilizamos essa capacidade livre e criadora de nossas mentes. Do contrário, se nos fechamos para esta auto-observação, estamos negando que somos criadores de nossas realidades e vamos depositar as causas em outras coisas ou pessoas. A responsabilidade da criação é de cada um, quer a reconheçamos ou não.


Condicionamentos...


É claro que em nossas criações e nas peças que encenamos, estamos sujeito a condicionamentos. Nossa liberdade é restringida por diversos fatores como cultura, crenças, influência do meio em que estamos, apegos, expectativas, influência das pessoas com que nos relacionamos, entre outros fatores. Porém no que diz respeito a nossa criação, existe sim a possibilidade de uma liberdade infinita. No melhor uso dessa capacidade é que podemos concentrar nossa atenção e esforços para vivermos melhor.


Observe-se


A observação é o pré-requisito para conseguirmos identificar essa capacidade livre e criadora da mente.  Com a observação vamos compreendendo passo-a-passo como usamos essa capacidade o que nos dá a possibilidade de irmos experimentando novas formas de a utilizarmos, isto é, criarmos e atuarmos em meio ao mundo em que vivemos.

Observe-se!  Sinta a imensa liberdade e capacidade de criação que está ao seu alcance!

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