Em meio às ações de nossa vida diária, estamos invariavelmente lidando com algo que surge em nós - muitas vezes sem que tenhamos consciência disso - que é uma espécie de necessidade de que o outro olhe para o que estamos fazendo e então reconheça. Esse olhar, porém, é livre e ao se processar pode produzir distintas ações, desde uma gentil congratulação até uma crítica agressiva.
Se observarmos bem, tanto elogio quanto a crítica são coisas semelhantes. São formas de reconhecimento, onde aquele que vê, irá julgar o que está vendo em uma escala de qualidade. Caso goste, irá elogiar. Caso não goste, irá criticar. Caso não ache nada, pode não dizer nada conclusivo.
O problema não está em si na liberdade de quem julga o que fazemos, mas sim na nossa tentativa de controlar esse julgamento ou esperar que ele seja sempre positivo. É natural nossa tendência de acharmos que fizemos o melhor que poderíamos, assim como é natural o outro não ter a mesma percepção.
Esperar ser reconhecido apenas com elogios é uma ilusão. Tentar sustentar essa ilusão é criar sofrimento para si próprio e evitar situações onde fatalmente seremos criticados.
A crítica muitas vezes se coloca como construtiva, por ser uma tentativa de elevar um padrão de qualidade de nossas ações. Mas toda crítica pode se tornar destrutiva, quando nossa única expectativa é sermos elogiados. E o que ela destrói na realidade? A nós? Ao nosso trabalho? Ou a nossa ilusão de que tudo será elogiado, de que tudo que fazemos é bom, perfeito e adequado?
Quando nos apegamos a uma ilusão, fatalmente algo aparecerá para destruí-la. E se sofremos, é um bom sinal de que estávamos tentando sustentar algo ilusório. Se recebemos o que quer que seja, e tentamos assimilar, temos melhores condições de ver as coisas com lucidez e não da forma como gostaríamos ou achamos que as coisas são.
O elogio seria um reconhecimento (+), ao passo que a crítica seria um reconhecimento (-). Assim como pode haver um reconhecimento neutro. Se apenas aceitarmos reconhecimentos positivos estaremos fadados a sofrer duas em cada três vezes que esperarmos por reconhecimento.
Pensemos nisso.
um estudante