Um dos principais meios pelos quais o homem chega a uma compreensão daquela grande totalidade à qual chamamos de Macrocosmo - Deus, funcionando através de um sistema solar - é pela compreensão de si próprio (...).
Através da Lei da Analogia, ou das correspondências, os processos cósmicos e a natureza dos princípios cósmicos são indicados nas funções, estrutura e características de um ser humano. São indicadas mas não explicadas ou elaboradas. Servem simplesmente como sinais na estrada (...).
A compreensão da triplicidade do espírito, alma e corpo permanece, todavia, além do alcance do homem, mas uma idéia quanto às suas relações (...) pode ser indicada por uma apreciação do homem a partir do seu aspecto físico e seu funcionamento objetivo.
Há três aspectos do organismo humano que são símbolos, e somente símbolos, dos três aspectos do ser.
1. A energia, (...) que se retira misteriosamente na morte, retira-se parcialmente nas horas de sono ou da inconsciência, e que parece usar o cérebro como sua sede principal de atividade e daí dirigir o
funcionamento do organismo.
Esta energia tem uma relação direta primária as três partes do organismo a que chamamos cérebro, coração e aparelho respiratório. Este é o símbolo micro cósmico do espírito.
2. O sistema nervoso, com sua complexidade de nervos, (...) para produzir a resposta sensitiva que existe entre os muitos órgãos (...), também para o tornar consciente do, e sensível ao, meio que o cerca. Esta aparelhagem sensorial inteira é a que produz a conscientização organizada e a sensibilidade coordenada do ser humano, primeiro dentro dele mesmo como uma unidade e, secundariamente, capacidade de resposta e estrutura nervosa, coordenando, correlacionando e produzindo uma atividade grupal externa e interna.
(...) Ele está intimamente associado com o aspecto energia, sendo o instrumento utilizado por aquela energia para vitalizar o corpo, para produzir sua atividade e funcionamento coordenados e para conseguir um relacionamento inteligente com o mundo no qual tem de participar.
(...) Por sua vez, é motivado e controlado por dois fatores:
a) A totalidade da energia que é a quota individual da energia vital.
b) A energia do meio ambiente na qual o indivíduo se encontra e na qual tem de atuar e desempenhar seu papel.
Este sistema nervoso coordenador (...) é o símbolo, no homem, da alma, e uma forma e exterior de uma realidade espiritual interior.
3. Há, finalmente, o que poderia ser descrito como o corpo, a totalidade de carne, de músculos e de ossos que o homem vai carregando, correlacionados pelo sistema nervoso e tonificados pelo que vagamente chamamos sua "vida".
Nestes três, a vida, o sistema nervoso e a massa corporal, nós achamos o reflexo e o símbolo do todo maior, e por um detalhado estudo destes e uma compreensão de suas funções e relações grupais, podemos chegar a uma compreensão de algumas das leis e princípios que dirigem as atividades de "Deus na natureza" - uma frase, sublimemente verdadeira e igualmente finitamente falsa.
Os três aspectos da divindade, a energia central, ou espírito; a força coordenadora, ou alma, e aquela que estas duas usam e unificam são, na realidade, um princípio vital se manifestando na diversidade.
Estes são os Três
em Um, o Um em Três, Deus na natureza e a própria natureza em Deus.
Transportando o conceito, à guiza de ilustração, para outros reinos do
pensamento, esta trindade de aspectos pode ser vista atuando:
> no mundo
religioso como o ensinamento esotérico, a simbologia e doutrinas fundamentais
das grandes religiões mundiais e das organizações exotéricas;
> no governo, ele é
a totalidade da vontade do povo seja ela qual for, as leis formuladas e a
administração exotérica;
> na educação, é a vontade de aprender, são as artes e
ciências e os grandes sistemas educacionais exotéricos;
> na filosofia, é a sede de
sabedoria, são as escolas de pensamento inter-relacionadas e a apresentação
exterior dos ensinamentos.
Assim esta eterna triplicidade percorre cada
departamento do mundo manifestado, seja visualizada como aquilo que é
tangível, ou como aquilo que é sensível e coerente, ou o que é tonificante. É
aquela atividade inteligente que foi desajeitadamente chamada conscientização,
é a capacidade de estar consciente, envolvendo, como faz a resposta sensitiva
ao meio ambiente e o dispositivo daquela resposta, a divina dualidade da alma;
é finalmente a totalidade daquilo que é conhecido e que se contata; é aquilo do
qual o aparelho sensitivo se toma consciente. Esta, como veremos mais tarde, é
uma compreensão gradualmente crescente, deslocando-se sempre para os
ramos mais internos e mais esotéricos.
De Um Tratado sobre a Magia Branca - Tomo I - Alice Bailey