Autotransformação

O padrão da vida é a frustração: ele lança uma sombra sobre o nosso lazer e o nosso trabalho. Embora nossa vida possa parecer feliz na superfície, talvez uma sensação de profunda insatisfatoriedade ou de incompletude persista abaixo desta superfície; uma sensação para a qual não conseguimos encontrar uma causa definida.  Todavia, quando refletimos, vemos que esta sensação vem do fato de sabermos que não estamos usando nossa vida de modo tão produtivo quanto poderíamos.

É tão fácil adiar aquilo que sabemos ser importante ou mesmo significativo para as nossas vidas. Mas esperar pelo futuro é como esperar por um ônibus que nunca vem. A menos que comecemos logo a fazer o que sentimos ser importante, não vamos chegar a parte alguma. Colocarmo-nos em ação, porém, não é uma tarefa fácil, porque significa assumirmos o comando das nossas vidas e aprendermos a ser honestos com nós mesmos, de uma forma a que não estamos acostumados.
Sem que percebêssemos, desenvolvemos padrões de comportamento que vieram a adquirir força própria. 
Mais tarde, notamos, com surpresa, que esta força, num sentido real, assumiu a direção de nossa vida de uma forma quase que automática,  e notamos que nos permitimos perder o controle sobre os rumos da nossa vida.  Nossas oportunidades nos escapam, e este escapar forma um padrão; o resto de nossa vida pode consistir simplesmente em viver segundo padrões que não tem nenhum propósito real.

Essa perda de controle ocorre de formas sutis, mas definidas. Por exemplo, deixar de fazer aquilo que sabemos que devemos fazer reforça em nós um 


PADRÃO DE ESQUIVA
Essa relutância torna-se um hábito. Começamos automaticamente a evitar qualquer coisa que seja, mesmo ligeiramente, difícil ou desagradável - oportunidades produtivas e desafiadoras podem ficar perdidas, pois o padrão de esquiva toma as decisões por nós. À medida  que o padrão se fortalece, mais ainda enfraquecemo-nos.

Conforme o tempo passa, estes padrões ficam cada vez mais fortes e continuam ao longa da vida (...). Sem que nos déssemos conta, esta estruturação de padrões passou a fazer parte de nós.



COMO PODEMOS DESFAZER ESSES PADRÕES?
Primeiro, precisamos reconhecê-los, simplesmente. 

Segundo, pela identificação dos nossos hábitos, podemos eliminar o poder velado que eles têm de determinar nossa vida. Isso pode por fim às nossas desculpas e dar início a uma responsabilidade honesta e ativa por nossa vida - em substituição a tendência de ansiar positivamente por um lugar perfeito, (...) onde a vida se isenta de problemas.


MUDANÇA GRADUAL
Não podemos mudar do dia para a noite, mas podemos começar um processo que vá adquirindo impulso, um processo que nos dará uma qualidade sólida e autêntica, que ajuda a tornar-nos mais vitais, mais equilibrados. 



COMECE E SIGA ATÉ A CAUSA
Começamos pelo rompimento dos padrões de esquiva. Podemos nos concentrar, com regularidade, sobre o trabalho que não queremos fazer, e então meditar informalmente sobre as emoções que surgem ao realizarmos este trrabalho - emoções como raiva ou frustração.

Fique com uma destas emoções; sinta seu sabor por meio da meditação. Pratique até que um sentimento surja por trás da emoção original, um sentimento que se manifesta, a princípio, como um aperto físico ou tensão. À medida que continua a penetrar em sua resistência, talvez o sentimento se itensifique. Por fim, você reconhecerá como sendo medo esse sentimento.


O QUE NOS DIRIGE?

O medo é fugidio. A maioria de nós não aceita de pronto que o medo dirija nossas escolhas e as nossas ações. A sensação de estarmos no controle da nossa vida faz parte de nossa tão querida autoimagem, uma autoimagem que queremos proteger. Sentimo-nos seguros com nossos padrões estabelecidos; tememos o incerto e o desconhecido como ameaças a estes padrões. Quando cedemos a este medo, mesmo sem estar ciente dele, nós o reforçamos. Assim, o medo cria mais medo e se transforma em uma sutil força propulsora. 

O que talvez nos pareça uma situação sobre a qual não temos nenhum controle pode, na verdade, ser apenas nosso medo de enfrentar o que está dentro de nós. Este medo pode permear toda a nossa vida.


O QUE NOS MOLDA?
Quando entramos em contato com nosso medo e o reconhecemos como tal, podemos ver que a maioria de nossas racionalizações, ou nossos insignificantes gostos e aversões, mesmo as peculiaridades de personalidade que tanto apreciamos, são simplesmente esquemas de sustentação da personalidade que servem para esconder o fato de que cedemos ao medo. 



ROMPENDO PADRÕES
Estas propensões, aparentemente inofensivas, mostram seu real poder como padrões de força em ação (karma) - padrões que tem encoberto tão astutamente nossa verdadeira motivação que perdemos a capacidade de ser efetivamente honestos com nós mesmos. Quando adquirimos essa compreensão, precisamos pô-la em prática, pois é a esta altura que temos conhecimento e a oportunidade de romper nossas limitações.

A fim de quebrarmos estes padrões, é preciso que experimentemos nosso medo diretamente. Podemos desafiar o próprio conceito de medo, penetrando-o por meio da meditação. Entramos dentro de nosso medo. À medida que nossa consciência ingressa na emoção, deixamos de rotulá-la como medo, e damo-nos conta do  que estamos sentindo é simplesmente energia. A tensão circundante então se quebra, permitindo-nos relaxar e libertar essa energia. Essa libertação deixa-nos calmos e em paz conosco.


VIDA UMA ENORME OPORTUNIDADE
Quando atravessamos o medo na meditação, podemos aprender a ser eficazes em situações nas quais, antes não conseguíamos sequer agir. Podemos romper com nosso "não querer fazer". Precisamos apenas contatar a sensação dessas situações de forma direta: com paciência, tranquilidade, confiança. Este padrão é genuinamemte sadio e capacita-nos, a determinar nossas ações e nossas vidas.Ao compreender os padrões do karma (ação), fazemos da vida uma enorme oportunidade. A existência humana é preciosa; quando nos libertamos das nossas resposta automáticas, podemos entender o potencial ilimitado dela.



POR FIM....

É apenas uma questão de encontrarmos os locais de silêncio que estão além dos padrões, de entrarmos em contato com nossa verdadeira natureza e, então, nutrimos seu crescimento.  Realizamos isto ao aprender a ser honestos com nós mesmos. Embora este rompimento de velhos padrões não aconteça em um dia, ele virá quando, a cada momento, aprendermos a manter o equilíbrio em nossas vidas.


Tartang Thulku
A Expansão da Mente
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