Tudo o que vejo tem o que pode ser chamado de valor adquirido e valor inato ou inerente. O valor adquirido é aquele que foi assimilado diretamente por associação durante a existência. O valor inato é o que sempre é, independentemente da aparência. Por exemplo, o valor adquirido do ouro muda com as oscilações do mercado. Seu valor real ou inato prende-se ao fato de ser um dos minerais mais bonitos. Ele é extremamente dúctil e maleável, por exemplo. Se me perguntassem quais são as qualidades principais presentes num relacionamento harmonioso com alguém, eu poderia imediatamente responder: amor, paciência, tolerância, entendimento, empatia, e assim por diante. Como sei disso? Será puramente pela experiência? Posso me lembrar de realmente ter experimentado completa e constantemente alguma dessas qualidades em algum relacionamento? Provavelmente não.
Nesse caso, de onde vem essa ânsia pelo certo senão de um sentido inato do que é correto ou bom? Como posso julgar ou perceber o nível de paz, amor ou felicidade de uma situação senão por uma projeção dessas mesmas qualidades que estão dentro de mim? É como se elas se juntassem como uma régua sutil para medir o que acontece a minha volta de forma que os ajustes internos necessários possam ser feitos de acordo com a situação. Se é bom ou ruim, pacífico ou confuso, minhas próprias qualidades inatas pelo menos me aconselham sobre o que está acontecendo.
O problema é que elas estão em estado latente e não se traduzem muito facilmente em ação. Apesar de essas qualidades serem a base de meus ideais, quando estou enfraquecido sou incapaz de aplicá-las deliberadamente de acordo com as exigências do momento. Elas precisam ser fortalecidas.
Assim, um dos benefícios mais imediatos na prática da meditação é melhorar o funcionamento desse medidor interno. Minhas qualidades inatas estão simplesmente esperando uma chance de se manifestar. Como uma lâmpada sem corrente, a possibilidade de acender minhas qualidades existe, mas elas precisam ser conectadas com uma fonte de força. Isso é exatamente o que a meditação faz.
Os atributos inatos são propriedades imutáveis. É impossível retirar o azul do céu ou a doçura do mel. O azul e o doce fazem parte da constituição imutável do céu e do mel.
Do mesmo modo, independentemente do que eu me tenha tornado como ser, meus atributos inatos profundos ainda são os mesmos que sempre existiram em mim. É o meu âmago interior de qualidade que, de fato, me inspira a buscar o ideal em tudo o que faço. Se me perguntassem sobre uma lista de qualidades que são importantes em um relacionamento entre duas pessoas, coisas como respeito, honestidade, sinceridade, abertura e outras automaticamente brotariam na mente. Mesmo se eu nunca as experimentei em memória viva, ainda assim, eu as busco. O impulso de buscar e de sonhar vem de minha própria reserva de atributos inatos, que só está esperando para ser descoberta e trazida para a atividade prática.
As qualidades inatas da alma são as fundamentais. Elas são tão básicas que constituem o alicerce de todas as virtudes e poderes.
*Paz *Verdade *Felicidade
*Amor *Pureza *Poder *Equilíbrio
Elas são como as cores primárias, e as virtudes são as secundárias. Assim como o verde é feito do azul mais o amarelo, as virtudes, como paciência, tolerância, coragem, doçura, e assim por diante, são a combinação dessas qualidades básicas. Alguns exemplos:
Paciência — paz, amor e poder
Coragem — poder e verdade
Discernimento — verdade, paz e equilíbrio
O objetivo da meditação Raja Yoga é fortalecer meus próprios atributos inatos de forma que meu comportamento possa ser naturalmente virtuoso.
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