É lógico que não existe mais do que uma só maneira de obter esta liberdade (uma das mais nobres aspirações da humanidade): o desprezo desta pequena vida, deste pequeno universo, desta terra, do céu, do corpo, da mente e de tudo o que está limitado e condicionado. Se renunciarmos o nosso apego por este pequeno universo dos sentidos e da mente, seremos imediatamente livres. É o único modo de se livrar dos laços e ir além das limitações da lei e da causação.
Todavia, é, sumamente difícil deixarmos de nos aferrar a este universo; muito poucos o conseguem. Nossos livros mencionam um dos modos de obtê-lo. Um é chamado nei, neti (isto não, isto não), e o outro se chama iti (isto); o primeiro é negativo e o segundo positivo. A maneira negativa é a mais difícil e só possível para homens de mentes elevadas e poderosa vontade; desses que se põem de pé e dizem: "Não, não aceito isto", e a mente e o corpo obedecem sua vontade, e surgem vencedores da prova. A maioria da humanidade escolhe o modo positivo, o caminho do mundo, usando de todas as limitações para romper essas mesmas limitações.
Esta é também uma maneira de renunciar; só que age de maneira lenta e gradual, conhecendo as coisas, gozando delas e obtendo, desta maneira, experiência, conhecendo a natureza das coisas até que a mente termina por abandoná-las.
O primeiro modo de se desligar é mediante o raciocínio; o segundo, pela experiência. O primeiro é a senda da jnana-yoga e se caracteriza pela negativa de realizar qualquer obra; o
segundo é, a karma-yoga, aquela que age sem cessar. Todos devem trabalhar no universo. Só aqueles que estão satisfeitos com o Ser, cujas mentes nunca saem fora do Ser, para quem o Ser é tudo em todos, não trabalham. Os demais devem trabalhar.
Uma corrente que flui por seu impulso próprio cai numa cova e forma um redemoinho, e depois de girar algum tempo volta a seguir seu curso. A vida humana se assemelha a esta corrente. Penetra no redemoinho, gira neste mundo de espaço, tempo e causação exclamando: "meu pai, meu irmão, meu nome, minha fama, etc.", e por fim sai dali e readquire a liberdade original. Conhecendo-a ou não, sejamos ou não conscientes dela, todos trabalhamo-los para sair do sono do mundo. A experiência do homem é para torna-lo capaz de sair deste torvelinho.
Swami Vivekananda
Karma Yoga