Meditação, junto com essa calma e deserta estrada, chegou como a chuva suave sobre as montanhas; chegou fácil e naturalmente como a noite que surgia.
Não havia esforço de qualquer tipo e nem controle com suas concentrações e distrações; não havia ordem nem busca; nem negação ou aceitação nem qualquer continuidade da memória na meditação. O cérebro estava consciente de seu meio mas reconhecendo sem reagir. Estava muito calmo e as palavras haviam findado com o pensamento.
Havia aquela estranha energia, chame-a de qualquer nome, não importa, profundamente ativa sem objetivo ou propósito; era criação, sem a tela ou o mármore, e destrutiva; não era coisa do cérebro humano, de expressão e decadência. Não era abordável, classificada e analisada, e o pensamento e o sentimento não eram instrumentos de sua compreensão. Estava completamente sem relação com qualquer coisa e totalmente sozinha em sua vastidão e imensidão.
E caminhando ao longo daquela estrada sombreada, havia o êxtase do impossível, não da aquisição, de conseguir, sucesso e todas as demandas imaturas e reações, mas a solidão do impossível. O possível é mecânico e o impossível pode ser imaginado, tentado e talvez alcançado, o que afinal o torna mecânico. Mas o êxtase não tem causa nem razão. Simplesmente está ali, não como uma experiência mas como fato, não para ser aceito ou rejeitado, para se argumentar sobre ele e dissecá-lo.
Não é uma coisa para ser procurada pois não há caminho para ele. Tudo tem que morrer para ele estar, morte, destruição que é amor. Um trabalhador pobre e exausto, com roupas sujas e gastas, voltava para casa com sua vaca esquálida.
Krishnamurti