Pode haver uma mente feliz?

Artavazd Talalyan


(...)


Maharaj: O que você considera estar errado com sua mente? 

Q: É inquieta, ávida pelo agradável e tem medo do desagradável.

M: O que está errado com a sua busca do agradável e fugir ao desagradável? Entre os bancos de dor e prazer o rio da vida flui. É só quando a mente se recusa a fluir com a vida, e fica presa nos bancos, que se torna um problema. Ao fluir com a vida eu quero dizer aceitação - deixar vir o que vem e ir o que vai. Não desejar, não temer, observar o real, como e quando isso acontece, pois você não é o que acontece, você é a quem isso acontece. Em última análise, até mesmo o observador você não é. Você é a potencialidade máxima de que a consciência toda abrange, é a manifestação e a expressão.

(...)

Q: Nossa questão é: pode haver uma mente feliz?

M: O desejo é a memória do prazer e o medo é a memória da dor. Ambos fazem a mente inquieta. Momentos de prazer são apenas lacunas no fluxo de dor. Como pode a mente ser feliz? 

Q: Isso é verdade quando desejamos prazer ou esperamos a dor. Mas há momentos de alegria inesperada, imprevista. Alegria pura, não contaminada pelo desejo - não procurada, imerecida, dada por Deus.

M: Ainda assim, a alegria é só alegria contra um fundo de dor.


I'm That - Dialogues of Sri Nisargadatta Maharaj 
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