Rigpa é um termo específico de tal modo rico e além dos conceitos que ninguém até agora propôs uma tradução satisfatória para defini-lo. Para palavras de uma tal importância, a tradução por um só vocábulo corre o risco de levar a uma redução conceitual do sentido. Eu escolhi cercar sua definição da melhor maneira, sem buscar em seguida traduzir a palavra rigpa nos textos.
Em inglês, rigpa é freqüentemente traduzido por awareness (consciência desperta) e K. Lipman recentemente tentou uma definição: "The flash of knowing that gives awareness its quality", empregando a fenomenologia. Esta definição, "O clarão do conhecimento que dá ao despertar suas qualidades", é interessante porque ela dá valor ao aspecto cognitivo de rigpa, que dá todo seu valor ao despertar.
No "Rigpa ngotrö tcher thong rangdrol", rigpa é assim representado:
Quando os pensamentos se esvaeceram sem deixar traço algum,
Nesse frescor aonde os pensamentos a vir ainda não apareceram,
No instante onde se estabelece o modo natural sem artifícios,
Eis aqui esta consciência dos tempos comuns,
E desde que fixeis vosso olhar sobre vós mesmos,
Esse olhar que não tem nada para "ver" desagua sobre a claridade,
Rigpa em sua evidência, nu e límpido;
É uma pura vacuidade onde nada de particular existe,
Onde claridade e vazio são indivisíveis,
Nem é eterno, pois que nada existe verdadeiramente,
Nem é o nada, pois que ele é claro e vivo.
Ele não se reduz ao um, estando presente e consciente em tudo,
Ele não é o múltiplo, porque ele tem um único sabor na inseparabilidade.
Tal é esse rigpa natural, e nada além.
Longchenpa
Do livro "La liberté naturelle de l’esprit"
Apresentado e traduzido do tibetano por Philippe Cornu
Tradução para o português Karma Tenpa Dharguy
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1166