Cultivando o amor bondade (metta)


O tipo de amor bondade que queremos cultivar não é o amor comum tal como é entendido no uso diário.

Quando você diz, por exemplo, "eu amo tal pessoa" ou "tal coisa", o que você realmente está querendo dizer é que você deseja a aparência, comportamento, idéias, tom da voz ou a atitude em geral daquela pessoa, em relação a você particularmente, ou em relação à vida de forma geral. Se aquela pessoa mudar as coisas pelas quais você a deseja, você poderá decidir que não a ama mais. Se as preferências, caprichos e fantasias das pessoas mudarem, elas não mais dirão "eu amo tal pessoa".

Nessa dualidade de amor-ódio você ama uma pessoa e odeia outra. Você ama agora e odeia depois. Você ama quando quiser e odeia quando quiser. Você ama quando tudo está bem e sem problemas e odeia quando alguma coisa dá errado no relacionamento entre você e a outra pessoa.

Se o seu amor muda dessa forma de tempos em tempos, de lugar em lugar e de situação para situação, então o que você chama de "amor" não é metta mas sim desejo, cobiça ou luxúria - de nenhuma forma isso é amor.

O tipo de amor bondade que queremos cultivar através da meditação não possui um oposto ou um motivo velado. Assim, a dicotomia amor-ódio não se aplica ao amor bondade cultivado através da sabedoria ou da atenção plena, pois ele nunca irá se transformar em ódio à medida que as circunstâncias mudarem.

O verdadeiro amor bondade é uma faculdade natural que está oculta sob o amontoado de desejo, raiva e ignorância. Ele não pode ser dado. Nós precisamos encontrá-lo dentro de nós mesmos e cultivá-lo com a atenção plena.

A atenção plena o descobre, cultiva e mantém. A consciência do "eu" (ahankara) se dissolve com a atenção plena e o seu lugar é tomado pelo amor bondade isento de egoísmo.

Bhante Henepola Gunaratana
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/metta_bhanteg.php
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