O kamma pode ser exposto na linguagem simples de uma criança: faça o bem e o bem virá para você, agora e depois. Faça o mal e o mal virá para você, agora e depois.
Na linguagem da colheita, kamma pode ser explicado dessa forma: se você semeia boas sementes, irá ter uma boa colheita. Se você semeia sementes ruins, irá ter uma má colheita.
Na linguagem da ciência, kamma é chamado de lei de causa e efeito: toda causa tem um efeito. Outro nome para isso é a lei da causação moral. Causação moral funciona no reino moral, assim como a lei física de ação e reação funciona no reino físico.
No Dhammapada, kamma é explicado dessa maneira: a mente é o chefe (o que vai à frente) de todos os estados bons e ruins. Se você fala ou age com uma mente ruim, então a infelicidade o seguirá como a roda segue o casco do boi. Se você fala ou age com uma mente boa, então a felicidade o seguirá como a sombra que nunca o deixa.
Kamma é simplesmente ação. Nos organismos vivos, há um poder ou força para a qual são dados diferentes nomes, tais como tendências instintivas, consciência, etc. Essa propensão inata força cada ser consciente a se mover. Uma pessoa se move mental ou fisicamente. Seu movimento é ação. A repetição das ações é hábito, e hábito se torna caráter. No Buddhismo, esse processo é chamado de kamma.
No sentido último, kamma significa ação ou volição, tanto boa quanto má. ‘Kamma é volição’, disse o Buddha. Assim, kamma não é uma entidade, mas um processo, ação, energia e força. Alguns interpretam essa força como ‘influência-da-ação’. São nossos próprios atos reagindo em nós. A dor e a felicidade que uma pessoa experimenta são os resultados de suas próprias ações, palavras e pensamentos reagindo nela mesma. Nossas ações, palavras e pensamentos produzem nossa prosperidade e fracasso, nossa felicidade e miséria.
Kamma é uma lei natural e impessoal que opera estritamente de acordo com nossas ações. É uma lei por si mesma e não possui nenhum criador. Kamma opera em seu próprio campo sem a intervenção de um agente externo, independente e regente. Como não há nenhum agente escondido dirigindo ou administrando recompensas ou punições, os buddhistas não rezam para alguma força sobrenatural a fim de influenciar os resultados kammicos. De acordo com o Buddha, kamma não é nem predestinação nem determinismo imposto a nós por poderes ou forças misteriosas e desconhecidas aos quais devemos impotentemente nos submeter.
Os buddhistas acreditam que se irá colher o que se plantou; somos o resultado do que fomos, e seremos o resultado do que somos. Em outras palavras, não somos absolutamente o que fomos, e não continuaremos a ser o que somos. Isso simplesmente significa que kamma não é um completo determinismo. O Buddha indicou que se tudo está fixado ou determinado, então não haveria livre arbítrio, nem vida moral ou espiritual. Meramente seríamos escravos de nosso passado. Por outro lado, se tudo é indeterminado, então não poderia haver cultivo do crescimento moral e espiritual. O Buddha, assim, declarou a verdade do Caminho do Meio: tal kamma deve ser entendido nem como estrito determinismo, nem como absoluto indeterminismo, mas como uma interação de ambos.
Ven. Dr. K. Sri Dhammananda
No que os Budistas acreditam