A arte de cumprir o dever a cada momento
Nunca há qualquer necessidade de se preocupar. A boa lei cuida de todas as coisas, e tudo o que todos temos de fazer é o nosso dever, como ele se apresenta, ao longo de cada um dos dias. Nada se ganha por se preocupar com assuntos e com a forma como as pessoas não respondem.
Em primeiro lugar, considere que você não altera as pessoas e, em segundo, por estar preocupado com coisas, você coloca um obstáculo oculto no caminho do que você deseja fazer. É melhor adquirir uma grande quantidade do que o mundo chama de desapego, mas que é, na realidade, uma calma confiança na lei, e a ação de cumprir com seus deveres, convencido de que os resultados devem ser os corretos, não importa quais eles possam ser.
O passado! O que é? Nada. Já se foi! O melhor é não lhe dar importância. Você é o passado de si mesmo. Por isso, ele não diz respeito a você como “passado” - diz respeito a você somente na medida e nas circunstâncias em que você existe e está agora mesmo.
Em você, na forma em que agora existe, permanece todo o passado. Então, siga a máxima hindu: “Não lamente nada, nunca se arrependa e retire todas as dúvidas, com a espada do conhecimento espiritual”. O lamento é produtivo apenas em relação a um erro ocorrido. Não importa o que eu fui, ou o que qualquer um foi.
Eu só olho o que sou a cada momento, porque cada momento é e, subitamente, não é mais -do que se conclui que se quisermos pensar no passado, estaremos esquecendo do presente, e enquanto esquecemos os momentos voam para longe de nós, aumentando ainda mais o que é passado. Então, não devemos lamentar nada, nem mesmo as maiores tolices da vida, pois elas já se foram, e você está a trabalhar no presente, que é simultaneamente passado e futuro, de uma só vez.
Naquele que sabe que todos os seres espirituais são iguais em qualidade ao Ser Supremo, que espaço pode haver para desilusão, e que espaço de tristeza poderá existir, diante da unidade do espírito?
Em todas estas experiências interiores existem marés, assim como no oceano. Subimos e descemos. Os deuses descem e, em seguida, voltam para o céu. Não pense em fazê-los descer, mas esforce-se para elevar a si mesmo pelo caminho ao qual eles periodicamente retornam e, assim, aproxime-se deles, de uma forma que possa, de fato, receber influências deles bem mais cedo do que em vezes anteriores.
Confie sempre − interiormente − em seu Eu Superior, que proporciona força. O caminho fica mais claro à medida que prosseguimos, mas como temos o esclarecimento, tornamo-nos menos ansiosos, com o novo trecho a seguir. Se as pessoas permitirem que cada um siga e tenha sua própria decisão, com tranquilidade, todos se sairão bem. É um dever de cada um não interferir no dever do outro e nisto é da maior importância que nossas mentes (assim como as nossas línguas) estejam separadas e respeitem os deveres e atos de outrem, sempre que estes se encontrarem fora dos nossos próprios deveres e atos.
O futuro, então, para cada um, será proveniente de seu momento presente específico. Conforme usamos o momento presente, movimentamos o futuro para cima ou para baixo, para o bem ou para o mal, considerando que o futuro é apenas uma palavra para o presente − que ainda não chegou − temos que ver e dar atenção ao presente, mais do que tudo. Se o presente for cheio de dúvidas ou vacilação, assim será o futuro; se cheio de confiança, serenidade, esperança, coragem e inteligência, assim também será o futuro.
O Eu Superior não é puro, brilhante, imaterial e livre? E você não é isso? Se você estiver de algum modo deprimido, ou se qualquer um de nós estiver, então, exatamente na mesma medida nossos pensamentos estarão com sua força diminuída. Então, peço-lhe para retirar de sua mente qualquer desgosto pelas atuais circunstâncias. Se você puder olhar tudo apenas da forma que de fato deseja, irá agir não apenas como um fortalecedor de seus bons pensamentos, mas irá agir refletidamente em seu corpo e torná-lo mais forte.
O grande esforço deve ser o de abrir o meu Eu exterior, para que o Eu Superior possa brilhar através dele, porque sei que, em meu coração, a Sabedoria e o Equilíbrio universal permanecem pacientes - e que seus raios puros estão apenas velados diante de mim, pelas muitas buscas e ilusões que tenho trazido comigo, exteriormente.
William Q. Judge
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