O nosso dever é, indubitavelmente, submeter o corpo a uma certa preparação, visto que ele constitui um instrumento indispensável para nos orientarmos em direção ao verdadeiro Caminho.
Devemos compreender, antes de mais nada, que nós não fomos feitos para o corpo, mas sim o corpo para nós; devemos utilizar-nos dele, mas não devemos, de modo nenhum, prestar-nos a servi-lo.
O corpo é um instrumento que tem de ser purificado, aperfeiçoado, moldado numa forma própria e constituído pelos elementos mais aptos a torná-lo o instrumento dos mais sublimes desígnios do homem no plano físico. Tudo quanto se fizer com esse objetivo em vista, deve ser alvo de maior interesse e incitamento.
A própria natureza do corpo físico faz dele uma coisa fácil de se transformar num servo ou num instrumento. Possui certas particularidades que nos ajuda a desenvolvê-lo, a guiá-lo e a amoldá-lo, segundo o nosso desejo. Uma dessas particularidades consiste na sua prontidão em seguir uma certa linha de conduta, logo que a ela tenha sido habituado, trabalhando para isso com o mesmo afã e o mesmo gosto com que antes se dedicara a outra tarefa muito diferente. Se o corpo adquiriu qualquer mau hábito, oporá indubitavelmente uma resistência tenaz a todas as tentativas para modificar esse hábito; porém, se o forçarmos a ceder, se for vencido o obstáculo com que nos embarga o caminho, se o homem obrigar a agir segundo o seu desejo, não tardará muito que o corpo se conforme espontaneamente a um novo hábito que o homem lhe imponha, enveredando para bom o caminho com a mesma complacência com que enveredara para o mau.
Annie Besant