Impulsos Cósmicos e a criação e destruição das formas
Se nós formos aos atributos do monastério, que são chaves do ensinamento sintetizadas, nós vamos encontrar um atributo que diz o seguinte:
"Preservar os impulsos cósmicos para elevação"
Preservar os impulsos, não a criação. Algo foi criado e o impulso continua. É uma ligação nossa com o impulso que é permanentemente renovado. O impulso cósmico é um movimento que vem do Cosmo para a Terra e que cria permanentemente. Não é algo já condensado, já estruturado, já cristalizado, é um impulso. Então se nós formos pesquisar nós vamos ver que temos que preservar a nossa relação com o impulso cósmico para elevação.
"Construir as bases, elevar as paredes e então entregar a nova morada"
O ensinamento não está dizendo para nós construirmos as bases, elevarmos as parades e ficarmos morando lá dentro que é o que fazemos normalmente. Nós vamos construindo um conceito de vida, de estabilidade, de segurança, um modo de pensar. Elevamos as paredes, colocamos um telhado, fechamos a porta por dentro porque temos medo, fechamos as janelas e o sol que entra pelas gretas, pelas frestas das janelas não entra, ficamos encapsulados. Um modo de vida que não tem nada a ver com a realidade. Se foi, estagnou, morreu.
"Ajudar na expressão dos Universos e assistir impassível a construção e a destruição das formas".
Ajudar é ajudar. Não é nós fazermos. Nós participamos. "Ajudar na expressão dos Universos". Isto é amplo, é cósmico, é universal. "Assistir impassível". Nós estamos assistindo as coisas acontecerem impassivelmente. "A construção e a destruição das formas". Constrói uma fórma, destrói aquela fórma senão aquilo vai encapsular o impulso, vai reter o movimento. Então as fórmas são construídas e destruídas, construídas e destruídas.
Teríamos que pesquisar, teríamos que sair de uma certa passividade porque estando encarnados essas estruturas vão se condensando (modos de pensar, modos de sentir, hábitos, estruturas cerebrais, redes de neurônios, estruturas orgânicas), vão tendendo a se cristalizar.
Os impulsos cósmicos para elevação trazem movimento contínuo de transformação. A manutenção da forma é uma manutenção da transformação da forma e não da forma como ela é. Uma planta cresce. Uma planta não fica sempre como ela é. Estamos usando o exemplo do Reino Vegetal porque é um dos reinos que mais perfeitamente espelha padrões de harmonia.
Nós olhamos uma semente, ela rompe a casca, era semente, belíssima, construída segundo leis universais, mas não é para ficar como semente, rompe a casca, lança raízes, cresce folhas, flor, frutos, novas sementes. E o Reino Humano? O Reino Humano está construindo casas, se fechando dentro das casas, com o temor daquilo que vai entrar. Precisa dessa manutenção do impulso da transformação não daquilo que está criado. Aquilo que está criado assim que foi criado, já está na hora de ser destruído. Uma reação química quando acontece, a substância está disponível, está com os elétrons disponíveis para combinar. Reagiu, combinou, pronto. Perdeu os elétrons. Aquilo ali já está na hora de se liberar de novo para novas combinações.
Nós assistimos as civilizações tendo o apogeu, depois temos o declínio porque as formas se cristalizam então aquela civilização, aquele princípio, aquele impulso cósmico que criou aquela civilização vai reencarnar em outra civilização porque a forma se cristalizou, tem que destruir aquela forma. Temos que aprender a assistir impassíveis a construção e destruição das formas. (...) O nosso modo de pensar vai determinar, influenciar o curso dos acontecimentos.
A importância do pensamento
Arthur de Paula Carvalho
Palestra proferida em 20/Abr/2007
http://www.irdin.org.br/palestra/por/audicao.html?cod=6044