Formação interna através da mudanças de hábitos e costumes

(...) nós temos uma lembrança que nos diz que nós teríamos que mudar nossos hábitos e nossos costumes, isto é, tudo que é hábito, tudo que é costume, trata-se de mudar. 


Mudar não quer dizer eliminar aquilo pois às vezes aquilo faz parte de um processo nosso. Mas mudar de ponto naquilo. Se nós temos um hábito, se temos um costume, observemos aquilo e digamos "eu preciso mudar de ponto aqui". Se aquele hábito ou costume não pode ser eliminado, pelo menos que ele seja transformado até que a gente chegue num ponto que a gente esteja mais liberto dele. Assim vamos nos transformando e transformando nossa vida no geral porque um hábito/costume determina muitas coisas em nossa vida. Nós, por estarmos habituados ou acostumados a certas coisas, às vezes nos cristalizamos em algum ponto e ali poderia estar acontecendo outra coisa em determinado momento, mas nossos hábitos/costumes impedem que aquilo aconteça. 


No nosso processo de formação interna teríamos examinar muito isso. Os instrutores insistem que nós não criemos hábitos. Mesmo a oração diária ou a oração cíclica nós teríamos muito cuidado para vivermos aquilo mas sem criar um hábito que nos leve à fazer aquilo mecanicamente. Eu posso fazer um ciclo de oração ou posso orar todos dias, mas saber separar isto de ter criado um hábito, de ter criado um condicionamento, porque não se trata de eu ficar condicionado por fazer oração, se trata de eu orar realmente não porque estou condicionado. Cada vez que eu vou começar a orar, não vou fazer pois meus corpos já se habituaram a orar naquele momento, naquele dia, não é para isso que estou orando. Não estou querendo me habituar a nada, me condicionar a nada, pelo contrário. Embora eu faça um ciclo de orações ou embora eu ore todos os dias, cada vez que eu vou fazer aquilo é como se fosse pela primeira vez. É como se eu nunca tivesse feito e ali fosse me colocar completamente nu diante daquilo. Ali eu vou começar uma coisa. Não importa que eu já tenha feito nove dias o trabalho. Ali é como se fosse a primeira vez. 


Nós teríamos que nos trabalhar nesse sentido e isso faz parte da mudança de hábitos e de costumes, a gente não ficar ali porque se habituou a fazer naquele horário. Aquilo ficou mecânico, não te renova. Cada dia deve ser a primeira vez. Cada dia é a possibilidade de você fazer descobertas. Pois você está repetindo alguma coisa que pode ser um mantra, está repetindo algo que está coligado com um profundo processo de transformação, mas se aquilo se tornou um hábito não está fazendo nada em você, está só te disciplinando, te acalmando os corpos, levando seus corpos a ficarem ali numa certa posição, em uma certa reverência. É um hábito. Mas a oração vai muito além disso. Quando falamos em um ciclo de orações não estamos a ficar condicionado a fazer uma oração naquele ciclo e fazer aquilo mecanicamente pois vai acabar mecânico aquilo e não serve para nada.


É preciso que a gente reflita sobre isso e que se observe. Não só refletir, pois a gente reflete, compreende mas precisa refletir e fazer, refletir e mudar. Ai é que está o valor.




Buscando a Verdade
Trigueirinho
Palestra proferida em 27/Jul/2011
http://www.irdin.org.br/palestra/por/audicao.php?cod=12221
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