Renúncia Mental

“A renúncia está na mente, não é
alcançada pela renúncia física, nem
impedida pela falta dela.”

Ramana

O ato de renúncia à vida familiar e as posses é muito bem apreciado pelos indianos, que  valorizam tal feito, porém a opinião de Ramana a respeito disso era bem clara, e desaconselhava  quem o perguntasse.

Sua justificativa seria que a verdadeira renúncia não é uma retirada, mas uma ampliação  do amor, e que não basta despojar-se das roupas e abandonar o lar, mas renunciar aos desejos, às  paixões, aos vínculos e fundir-se ao mundo, estendendo seu amor a todos.

Apesar dos laços de afeição familiares serem fortes, o fato de se separar dessas pessoas,  sem se estar preparado, pode significar criar vínculo com outras, como discípulos, seguidores de  um guru, andarilhos do caminho. Os grandes homens que abandonaram a família não fizeram por aversão a vida familiar,  mas devido ao amor imenso que sentiam por todos os seres. Estavam de tal forma em Paz que  não havia desejo de abandonar isso ou aquilo, se afastavam apenas das questões mundanas,  mantendo o foco no Divino, porém continuavam com a vida em sociedade.

Ramana dizia que os esforços deveriam começar a ser feitos agora, pois independem do ambiente. Mesmo durante o trabalho diário o foco pode ser no Si, o que não impede que as  atividades sejam executadas plenamente. Ramana era um exemplo disso, sempre atento a tudo,  muito organizado e disciplinado com horários, o que acontecia mesmo ele estando mergulhado  em Si.
“Não é preciso renunciar à vida ativa. Se você meditar uma ou duas horas por dia, poderá dar seguimento normal aos deveres. Se meditar de modo certo, então  a corrente mental induzida continuará a fluir durante o trabalho.”(Osborne, 1970) 
Com essa postura, a atitude diária com as pessoas também sofrerá alteração e tenderá a  acompanhar a meditação. Um seguimento não se separa do outro, e o homem assim como num  teatro desempenha seu papel, sem se identificar com as personagens, sem se esquecer de quem  realmente é.

Quando o trabalho é executado apenas porque deve ser executado, sem vaidade ou egoísmo, traz redução da exploração, a cooperação toma o lugar da rivalidade e a eficiência não é comprometida, apenas os esforços estão direcionados no caminho certo. Como exemplo disso há  os escultores das catedrais, que trabalhavam por toda vida mantendo o anonimato nas artes que  faziam.


Trabalho Acadêmico de Viviane Cabral
http://www.fabioterapeuta.com.br/images/stories/TVP/Ramana-Maharish/Ramana-Maharish-Vida-e-Ensinamentos.pdf


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