Meditação Raja Yoga - Parte 10 - A quinta etapa: Pratyahara


A quinta etapa da Raja Yoga é chamada de Pratyahara.

O que é Pratyahara? Sabemos como nascem as percepções. Em primeiro lugar há os instrumentos externos, depois os órgãos internos, funcionando no corpo através dos centros cerebrais, e por último, a mente. Quando todos se juntam e se ligam a algum objeto externo, então, percebemo-lo. Ao mesmo tempo, é bastante difícil concentrar a mente e ligá-la a apenas um órgão; a mente é a escrava de objetos físicos.

Todas as ações, internas e externas, ocorrem quando a mente se liga a determinados centros, chamados órgãos. Querendo ou não, as pessoas juntam suas mentes aos centros. Essa, a razão por que cometem ações tolas e sentem-se infelizes.

Porém, se tivessem a mente sob controle, não agiriam assim. Qual seria o resultado de controlar-se a mente? Seria o de evitar que eia ficasse ligada aos centros de percepção, e, naturalmente, o sentir e o querer estariam sob controle. É claro até aqui. Mas, isto é possível?

Mente o macaquinho maluco
Quão árduo é controlar a mente! Bem foi ela comparada ao macaquinho maluco, da história. Havia um macaquinho, inquieto por sua própria natureza, como todos os macacos. Como se não bastasse isso, alguém o fez beber bastante vinho, de forma que se tornou ainda mais irrequieto. Então, um escorpião o ferrou. Quando uma pessoa é ferrada por um escorpião, salta de dor durante todo um dia, O pobre macaquinho sentiu-se absolutamente miserável. E para completar sua desgraça, um demônio o possuiu. Que palavras podem descrever a sua incontrolável inquietação?

A mente humana assemelha-se ao macaquinho. Incessantemente ativa por sua própria natureza, embriaga-se com o vinho do desejo, que lhe aumenta a turbulência. Depois que o desejo apoderou-se dela, vem o ferrão do escorpião do ciúme pelo sucesso dos outros; e por fim o demônio do orgulho instala-se na mente, fazendo-a atribuir-se muita importância. Quão árduo o controle da mente!

Acalmando a mente

Portanto, a primeira lição é sentar-se por um tempo e deixar vagar a mente. Ela está em efervescência durante a maior parte do tempo. Assemelha-se àquele saltitante macaquinho. Que o macaco salte quanto queira; simplesmente esperai e observai.

Conhecimento é poder, diz o provérbio, e é verdadeiro. A menos que se saiba o que a mente está fazendo, não se pode controla-la. Entregai-lhe as rédeas, talvez surjam muitos terríveis pensamentos; ficareis admirados ao ver que é possível ter tais pensamentos; mas encontrareis que a cada dia que passa, as divagações da mente serão menos violentas, que gradualmente ela se vai tornando mais tranquila.

Nos primeiros meses notareis na mente uma infinidade de pensamentos; depois, que vão diminuindo e que em mais alguns meses serão bem poucos, até que, por fim, a mente estará sob perfeito controle.

Controlar a mente e não permitir que ela se ligue aos centros, é Pratyahara. Como consegui-lo? É um trabalho imenso; não pode ser feito num dia. Somente pelo esforço contínuo, paciente, durante anos, teremos êxito.



Swami Vivekananda
Raja Yoga


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