Conhecimentos essenciais


Teoricamente, o “conhecido” seria para nós o corpo físico, a parte mais visível do homem, mas... realmente conhecemos nosso corpo? 

Como bem afirma o investigador I. K. Taimni:

“Muitas pessoas educadas e sensatas não conhecem nem sequer os fatos mais elementares acerca de seu corpo, e se lhes pergunta em que lado fica o fígado, não conseguem responder. Podem dar informação correta sobre a constituição do Sol e dos elementos presentes nele; sabem tudo o que se refere ao motor de um automóvel, mas ignoram o que se refere ao corpo físico com o qual tem de trabalhar durante toda sua existência nesta terra. Este é um comentário triste sobre nosso sistema educacional que nos entope a cabeça com todo tipo de conhecimentos inúteis sobre o não essencial, e descuida quase por completo das coisas que mais importam na vida”. 

O Ser Humano 
Monografia 2 
Opus Philosophicae Initiationis

Como preparar a mente para receber e compreender a vontade?

A vontade vem do Mundo Interior, dos Planos Internos, dos planos superiores. Então a mente, para receber a vontade, deve estar receptiva ao mundo interior. 

Essa mente está num corpo mental. Se nós começarmos a usar excessivamente o lado concreto, dedutivo, analítico da mente, ela vai perdendo a flexibilidade. Parece que raciocinando e analisando a mente se torna flexível, mas é o contrário. A mente se torna flexível e aberta é exatamente quando ela deixa de praticar as coisas, os dons da mente concreta – raciocínios, deduções, análises.

Então, a mente vai se abrindo e ficando flexível é quando ela tem a força e a inspiração de ir deixando essas qualidades de lado e i-las substituindo pela recepção das impressões superiores. Este é o caminho da mente e é assim que a preparamos para receber a vontade.

A evolução da mente, do corpo e do sofrimento e reflexões sobre iniciação
Trigueirinho
Palestra proferida em fevereiro de 2003

Observar o nosso interior

O conhecimento da mente, da natureza interna do homem, do pensamento, jamais será conseguido se não tivermos, antes, desenvolvido o poder de observar o que acontece dentro de nós.

Swami Vivekananda
Raja Yoga

Os pensamentos atuam como ímã


Os pensamentos nobres purificam o corpo astral, mesmo quando não se trabalha conscientemente para  esse fim. 

Além disso, devemo-nos lembrar que este trabalho íntimo exerce uma influência poderosa sobre os pensamentos do exterior que o corpo astral atrai. Um corpo ao qual o possuidor permite responder habitualmente aos pensamentos malignos, atua como um ímã sobre todas as formas de pensamentos semelhantes que vagueiam no ambiente. O mesmo não sucede ao corpo astral puro que, pelo contrário, atua sobre esses pensamentos com uma energia repulsiva, e só atrai as formas de pensamentos de natureza idêntica à sua. 

O homem e seus Corpos 
Annie Besant

Tao Te Ching - Aforismo 1 - O Tao

O caminho que pode ser seguido
Não é o Caminho Perfeito.
O nome que pode ser dito
não é o Nome eterno.
No principio está o que não tem nome.
O que tem nome é a Mãe de todas as coisas.

Lao Tsé

Passos do Caminho

CONHECER-SE
O primeiro ponto a cumprir é conhecer-te. Não é sem causa que os antigos tinham feito deste conhecimento o primeiro estágio da sua iniciação.

Sabes quais são as tuas qualidades e os teus defeitos. Deves desenvolver umas e eliminar outros. Purificar-se é a primeira parte de todas as iniciações tal como se tem praticado em todos os templos e em todos os agrupamentos de filósofos.

CONDUTA DO CORPO FÍSICO
Em primeiro lugar deves depurar teu corpo, dar-lhe por uma higiene racional, forças e um poder talvez perdidos pela doença e por insuficiência de alimentação, pela falta de ar e de exercícios igualmente prejudiciais. Tu deves adotar uma regra na tua vida mais sã, baseada sobre os princípios que dirigem toda a tua conduta. Teu corpo deve obedecer a teu espírito, e se não está em estado de seguir
o movimento de teu pensamento de que lhe servirá este pobre servidor?

Se seguires as regras que te aconselhei, adaptarás a tua economia material, todos estes órgãos
que te são submetidos, ao ritmos que são o eco dos ritmos superiores. Já, por esta cultura, aderirás ao plano divino.

LIGAÇÃO COM O ESPÍRITO
Tomando este cuidado, precisarás fazer a educação de teu espírito. Esforçar-te-ás para ter deste espírito uma direção mais segura, uma vontade calma e operadora. Deves desenvolver em ti as faculdades e não partir desta idéia de que não poderás adquiri-las. 

DISCERNIMENTO / MENTE
Desenvolve também o teu discernimento, porque, sem ele, a vontade é uma barca sem piloto entre os escolhos da vida. Assim, obterás o império sobre ti mesmo, que te fará senhor do teu inconsciente. Não sofrerás mais o seu impulso, porém, não cedendo senão ao teu espírito, serás tu mesmo em verdade. 

SILÊNCIO      

Cultiva também o silêncio em que te serão revelados os poderes ocultos. Obtém a calma para os teus sentimentos, a fim de que desenvolvam harmoniosamente. Cala-te e reflete na manifestação das opiniões adversas. 


PALAVRA CORRETA / INOFENSIVIDADE
Enfim, será a tua força dizer a palavra conciliadora que religa toda as opiniões. Tu não podes, por ti mesmo, possuir toda a verdade. Por que impões o teu pensamento aos outros? Sê calmo e o teu exemplo pregará melhor ainda do que as palavras. É o primeiro passo a fazeres para a obtenção dos altos poderes, a conquista das forças em ti e ao redor de ti.

CORAÇÃO / SENTIMENTOS
(...) em seguida, farás a educação de teu coração. É um cuidado que muitos negligenciam; eles têm sofrido pelo sentimento, crêem não poderem fazer nada de melhor do que negar o coração.

Mas, estes males provêm de uma impulsividade muitas vezes atendida. Deverás primeiramente refrear está impulsividade, estas perturbações.


AUTO ESQUECIMENTO
Atraído pelas qualidades exteriores, estás talvez muito triste por amar pessoas que não respondem ao teu ideal elevado; pedes-lhes sentimentos que florescem em teu próprio coração e, como elas são diferentes de ti, a ternura delas é desviada ou se manifesta de outro modo não desejado por ti, sofrerás profundamente.

Seu papel é nos tornar clarividentes ao encontro do que mais nos seduz, nos ensinar a paciência para atingir o desabrochar dos sentimentos dos outros. 

Muitas vezes a falta está em julgar os outros de acordo consigo mesmo. É uma  escolha a evitar. As dores passadas têm isso de bom: elas te servirão de guia para os acontecimentos futuros. 

Refrear, porém, o coração não é suprimi-lo; pelo contrário, quando o caminho parecer seguro, tu poderás, em belo surto, procurar a ternura e a glória de uma afeição partilhada. E, quanto esta alegria, apurada pela pesquisa de um ideal comum, será mais alta e mais pura! 

Isto não será uma vitória ou um prazer passageiro como o objeto de tua pesquisa, mas uma comunhão de idéias que te conduzirá a querer o bem do ser amado antes do teu próprio.

O teu coração alargar-se-á, e, à margem das ternuras costumeiras, aprenderás a amar a Natureza, a obter de seu seio amigo as lições da calma, de expansão de uma vida nova, de bondade, de doçura, de fraternidade universal. Gozarás a expansão de uma vida nova, a alegria superior de compreender o que começaste a amar cegamente.

Durville
A Ciência Oculta

Trabalho com Entusiasmo

Junte-se à todos que fazem seu trabalho com entusiasmo.
Mas para que você possa ser útil a eles como eles são úteis a você, é preciso saber quais são as suas ferramentas, e como poderá aperfeiçoar suas habilidades.

Paulo Coelho
O Caminho do Arco

Algumas notas sobre a voz


1. "A Respiração, Voz, Eu e a Palavra é a síntese dos sete sentidos." (Doutrina Secreta, vol I, pg. 205.)

2. A voz que você ouve é o requerente é:

a) A voz do silêncio.
b) A voz das nuvens.
c) A voz mansa e delicada.

3. Teremos de desenvolver o sentido oculto da orelha.

a) A audição é o primeiro sentido que se desenvolve ocultamente.
b) Corresponde a primeira atividade de Deus. "Deus disse"
c) precede a visão.
"Eu tenho ouvido falar de você, ouvido ouvido, mas agora meus olhos te vêem." (Jó)
"Se você não ouve, você não pode ver."

4. Se as vozes são silenciadas, a voz pode ser ouvida.

a) As vozes do mundo que nos rodeia. Os sons do plano físico.
b) As vozes de nossos desejos.
c) As vozes de outros homens.

5) "Eles dizem. O que eles dizem? Vamos dizer!

6) A voz do de opinião e de doutrina em matéria de religião ou filosofia.

7) A voz de nossos próprios pensamentos.

Conseqüentemente, a linguagem tem de ser convertida em som.

As palavras têm de transformar em A PALAVRA.

O destino é guiado pela voz celestial do protótipo invisível ou o nosso homem interior astral. " (Doutrina Secreta, vol II, pg. 584.)

Alice Bailey
ESTUDIOS SOBRE LA "DOCTRINA SECRETA"
Parte 1: Sonido y Lenguaje

O Objetivo do Processo Evolutivo



Pela distribuição das partículas constituintes dos nossos veículos físico-etérico, astral e mental inferior, segundo a densidade e o raio, em consequência da imensa quantidade de interações e reações entre si e com as energias exteriores, é que a nossa personalidade é definida.

A atuação da MÔNADA via Alma, ao longo das muitas encarnações e experiências, vai controlando esses corpos, substituindo as partículas mais densas pelas mais sutis e ampliando as qualidades dos raios.

Eis o objetivo do processo evolutivo: o domínio total de todos os planos, subplano a subplano, para que a Mônada possa expressar toda a sua divindade em qualquer plano. Pelo controle completo dos nossos veículos chegaremos ao controle completo do meio exterior.

A sentença CONHECE-TE A TI MESMO deve ser acrescida de DOMINA-TE A TI MESMO .

Alice Bailey
Tratado sobre Fogo Cósmico

Experientar: o caminho da realização

Que direito tem um homem de dizer que possui uma alma, se não a sentiu? Ou que há um Deus, se não o viu? Se há um Deus, devemos vê-lo ; se há uma alma, devemos percebê-la; do contrário, melhor não crer. É preferível ser um ateu confesso que um hipócrita.

(...) Se os homens acreditam num Deus, podem tornar-se bons, morais e perfeitos cidadãos. Não podemos culpá-los de alimentarem essas idéias, pois tod o ensinamento que recebem é simplesmente o de que acreditar num eterno palavreado sem conteúdo substancial.

(...) O homem deseja a verdade, que experimentá-la por si mesmo. Quando ele a possuir, realizá-la, sentí-la no profundo de seu coração, só então (...) as dúvidas serão dissipadas, desparecerá a escuridão e toda sinuosidade endireitar-se-á.

Swami Vivekananda
Raja Yoga

Ostra feliz não faz pérola


“Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostra felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostra felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz...”

Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma.

Quarto de Badulaques LXXV 
Rubem Alves
http://www.rubemalves.com.br/quartodebadulaquesLXXV.htm

Corpo físico, um instrumento


O nosso dever é, indubitavelmente, submeter o corpo a uma certa preparação, visto que ele constitui um instrumento indispensável para nos orientarmos em direção ao verdadeiro Caminho.

Devemos compreender, antes de mais nada, que nós não fomos feitos para o corpo, mas sim o corpo para nós; devemos utilizar-nos dele, mas não devemos, de modo nenhum, prestar-nos a servi-lo.

O corpo é um instrumento que tem de ser purificado, aperfeiçoado, moldado numa forma própria e constituído pelos elementos mais aptos a torná-lo o instrumento dos mais sublimes desígnios do homem no plano físico. Tudo quanto se fizer com esse objetivo em vista, deve ser alvo de maior interesse e incitamento.

A própria natureza do corpo físico faz dele uma coisa fácil de se transformar num servo ou num instrumento. Possui certas particularidades que nos ajuda a desenvolvê-lo, a guiá-lo e a amoldá-lo, segundo o nosso desejo. Uma dessas particularidades consiste na sua prontidão em seguir uma certa linha de conduta, logo que a ela tenha sido habituado, trabalhando para isso com o mesmo afã e o mesmo gosto com que antes se dedicara a outra tarefa muito diferente. Se o corpo adquiriu qualquer mau hábito, oporá indubitavelmente uma resistência tenaz a todas as tentativas para modificar esse hábito; porém, se o forçarmos a ceder, se for vencido o obstáculo com que nos embarga o caminho, se o homem obrigar a agir segundo o seu desejo, não tardará muito que o corpo se conforme espontaneamente a um novo hábito que o homem lhe imponha, enveredando para bom o caminho com a mesma complacência com que enveredara para o mau.

Excertos de O Homem e seus Corpos
Annie Besant

Dhyana (Meditação)



Para a imensa maioria das pessoas, meditar significa projetar nossa mente em vários cenários e idéias, em um vasto ciclo de imagens e símbolos.

Nas tradições religiosas superiores (sejam estas ocidentais e orientais), meditar é algo bem diferente; na realidade, trata-se da busca de um estado elevado de consciência, visando a comunhão divina.

O grande objetivo é contatar com o “Reino de Deus”, dentro de nossos corações, segundo as mensagens dos Grandes Mestres da Humanidade. “Dhyana é a porta de ouro que, uma vez aberta, conduz ao Reino de Deus. Dhyana (meditação ou contemplação), é a contínua e prolongada corrente de pensamento, dirigida a um determinado objeto, até chegar a se unificar com ele”. (Helena P, Blavatsky).

Na realidade, a meditação tem como objetivo alcançar a Graça, a Sabedoria Divina e a plena felicidade. Se nós efetuarmos um retrospecto da história e da vida dos Grandes Mensageiros da Humanidade, tais como Krishna, Buda, Jesus Cristo e Moisés, iremos comprovar que a grande meta desses elevados Mensageiros era estabelecer o contato com a presença de Deus em seus corações. através da prática da Dhyana. E esse é o grande objetivo do verdadeiro discípulo religioso: estabelecer essa sagrada comunhão espiritual, que nos proporcionará sabedoria e felicidade.

A sede de nosso espírito, de nossa supra-consciência, se encontra no centro de nosso peito, o “Reino de Deus”, onde nós encontramos (em todas as religiões), as imagens dos Avataras com um “sol luminoso” no peito, tradicionalmente conhecido pelos yoguis como chakra anahata.


Dhyana, a meditação, é portal divino 
que nos conduz ao Reino de Deus.

As mensagens dos Grandes Avatares, dirigida a todos os seres, consiste precisamente em orientar os seus discípulos a estabelecer essa sagrada comunhão, a qual sómente será possível através da Dhyana. O conhecimento teórico, a leitura dos textos sagrados, por si só, não pode conduzir o discípulo à realização espiritual.

Essa é a suprema e divina chave que nos conduzirá à sabedoria e à felicidade. Dominar esse turbilhão de pensamentos, através da serenidade mental, imobilidade física e ausência de imagens, são as ferramentas fundamentais para o pleno contato com a Divindade em nossos corações. Se nós observamos a vida dos grandes santos (sejam yoguis, cristãos ,budistas, muçulmanos, judeus e grandes filósofos) iremos comprovar que todos adotaram o mesmo procedimento para a completa realização espiritual.

Sri Vayera Yogui Dasa (Dom Benjmain Guzman Valenzuela) em um magnífico estudo sobre esse tema, nos ensinou:

“Meditar não é pensar, não é articular o pensamento, levando a imaginação  de um lado para outro. Meditar espiritualmente é aquietar a mente, descansando-a, fazendo com que ela repouse em um objeto formoso e agradável . . .essa é a meditação da quietude ou contemplação, para tranquilizar a mente e receber as bênçãos do Sêr Venerado. . esse é um dos benefícios que se alcança mediante a YOGA. As pessoas que seguem esse caminho, cada dia aumentam, com suas almas, as forças espirituais, vibrantes de felicidade.”

Se nós estudarmos a vida dos grandes santos, iremos verificar que o supre- mo objetivo dessas almas era contatar com essa presença divina, a qual se encontra latente em todos os seres. Podemos comprovar também que, em todas as Religiões, esse é o princípio fundamental para a comunhão espiritual.

Sri Vayera, que foi nosso instrutor espiritual, sempre nos transmitiu essa mensagem, a qual é também universal e eterna, adotada em todas as épocas por grandes filósofos, religiosos e sábios.

Todos os grandes seres, que alcançaram a sabedoria divina e o amor universal, nem todos possuíam a cultura escolástica e acadêmica, mas se tornaram grandes sábios e santos, unicamente através da dhyana (meditação). Devemos sempre nos lembrar dos Grandes Missionários da Humanidade, entre eles, Jesus Cristo, que nos transmitiu um sagrado ensinamento espiritual:




“Não busqueis o Reino de Deus 
aqui ou acolá, mas dentro de vós!”.



Concluindo nossa palestra, achamos oportuno transmitir algumas instruções práticas, principalmente para aqueles que estão presentes em nossa reunião e que ainda não pertencem à nossa Organização espiritual,a Suddha Dharma Mandalam. A vivência da Dhyana é de suma importância para todas as pessoas que se encontram interessadas no Caminho Espiritual, independentemente de sua cultura religiosa, seja cristã, budista, muçulmana ou quaquer outra doutrina. Em nossa época, a Ciências acadêmicas já comprovaram também a extraordinária eficácia da prática da meditação diária para todas as pessoas, e seus efeitos extraordinários na saúde física e mental. Com essas considerações, achamos oportuno transmitir a todos os presentes, algumas orientações para se realizar, com êxito, a prática da diária da meditação:

1) Em um cômodo tranqüilo, sem ruídos e com meia-luz, sentar-se em uma cadeira ou poltrona agradável;

2) Fechar suavemente os olhos;

3) Manter a cabeça em linha com a coluna;

4) Respirar suavemente, sem nenhum esforço;

5) Fixar o pensamento entre as sobrancelhas;

6) Colocar o pensamento em um Grande Ser de sua preferência, (Krishna, Buda, Jesus, Moisés etc.)

7) Efetuar seus apelos pessoais e, depois, permanecer em silêncio por alguns minutos.




Sérgio Fonseca B. Barretto

Palestra proferida em Florianópolis-SC, no IX Congresso da SUDDHA DHARMA MANDALAM, em Julho/2008

Som e Linguagem

"Eu sou o vosso pensamento, vosso Deus, ... A luz que resplandece nas trevas, e a palavra resplandecente. Deus é o Filho da Divindade."*

O Som é a expressão do Macrocosmos, Deus.
Som... unidade... divino... a soma total.

A Linguagem é a expressão do Microcosmo, homem.
Linguagem... diversidade... humano... a soma total dos quatro reinos.


Alice Bailey
ESTUDIOS SOBRE LA "DOCTRINA SECRETA"
Parte 1: Sonido y Lenguaje

* Doutrina Secreta, vol. III, p. 175.

A criação nossa de cada dia...

O modo como vemos as coisas determina como reagimos, criamos e construímos.

A realidade não está toda em nossas mentes, claro. Mas nossas mentes criam suas próprias realidades e alteram a realidade física, que, por sua vez, dá forma à nossas mentes.

Portanto, nossos pensamentos são os fundamentos reais de nossas cidades, e as nossas cidades são a expressão mais ampla da maneira como pensamos.


Fritjof Capra

Sabedoria = esforço genuíno em aprendermos muito sobre nós mesmos

A sabedoria não é uma qualidade que se compra ou se adquire após alguns cursos. Ela é o resultado de um esforço genuíno em aprendermos muito sobre nós mesmos, sabermos o essencial daquilo que importa, aprendermos sempre com cada experiência e, sobretudo, servirmos à causa que nos move.

A confiança gerada pela autenticidade dessa busca inspirará a todos que nos cercam.

Líderes ou não, estaremos contribuindo para algo significativo em nossas vidas e na do próximo.


Ricardo Young (Presidente do Instituto Ethos)
Prefácio do Livro "O Espírito de Líder", Ken O’Donnell.

Aproveitando as experiências

Aproveite os maus momentos 
para descobrir o que o faz tremer. 

Aproveite os bons momentos 
para encontrar seu caminho até a paz interior.

Mas não pare por temor nem por alegria
o caminho do arco é um caminho sem fim.



Paulo Coelho
O Caminho do Arco

MEDITAÇÃO: priorizando e mantendo a atenção em tudo que fazemos



(...) Sendo a meditação um ato de plena atenção, o que inicialmente devemos conscientizar e depois buscar praticar é que não podemos fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo e, sendo assim, temos que, a todo instante aprender a priorizar, escolher e, após cada priorização e escolha, nos envolver por completo em cada ação em que estejamos comprometidos, sejam elas pessoais, profissionais, no cumprimento de nossos deveres como cidadão, ser humano, ou até como seres espirituais, se assim acreditamos, e com esse proceder estaremos na medida de nosso gradativo treino melhorando nossos desempenhos e assim também nossa contribuição nas mais diversas áreas da vida e pelas quais tanto nos cobramos e nos pressionamos, roubando-nos a paz.

Para que esse estado seja alcançado, já que não podemos dizer que sejamos de forma natural plenamente atentos, devemos aprender e educar-nos, se julgarmos que tal prática possa nos parecer benéfica.

Sentamos de forma correta, respiramos naturalmente, sem esforço e só com isso já relaxamos o corpo físico e diminuímos muitas tensões. Já aqui mais facilmente conseguimos concentrar e orientar nosso pensar. Até aqui também podemos dizer que fizemos uma seqüência de priorizações e escolhas. Escolhemos meditar, escolhemos estar atentos a cada movimento de sentar, respirar, concentrar. Esta sequência repetidas vezes como todo processo de educação vai inicialmente ser feita no ato de meditar, até que aos poucos é levada naturalmente para todos os nossos atos e aí sim podemos dizer que nossas atitudes são cada vez mais plenas, seguras, gerando então satisfação e distanciando-nos dos estados de conflito, dos estados em que, ao contrario, nos dividimos a todo instante, dispersamos a atenção e força de ação e, conseqüentemente, geramos desgaste, cansaço.

Podemos dizer, finalizando, que meditar é o ato de unificar nosso corpo, emoções e pensar, comprometendo-os ao mesmo instante, direcionadamente a cada ato, criando melhores resultados, e portanto, satisfação e plenitude.


Telma Jábali Barretto
http://www.rajayoga.com.br/artigos.php?id=33

Corpo físico



(...) Corpo físico (...) não consiste apenas de sua parte densa, visível e palpável, mas também de uma parte etérica, que está para a parte densa assim como o forro está para o paletó.

Do ajuste da parte etérica com a densa e da harmonia de suas relações dependerá a boa ou má saúde física, a resistência do organismo e a sensibilidade de seu sistema nervoso.

Daí toda uma técnica para a disciplinação dos órgãos físicos, o refinamento dos hábitos físicos e o seu alinhamento com os corpos internos. 


Annie Besant
O Homem e Seus Corpos

"Além do evidente"




“Se queres o osso, deves quebrar a casca” (Meister Eckhart)

Quando o estudante se defronta com um símbolo deve considerar que o mesmo tem dois aspectos que são inseparáveis e que aparecem como opostos e por sua vez complementares. Estes dois aspectos recebem o nome de “exotérico” e “esotérico”.

O esotérico é interno, invisível e essencial, enquanto que o exotérico é o externo, visível e superficial, por isso diz-se que o verdadeiro esoterista sabe ver “além do evidente”, transpassando a barreira ilusória da casca. Se lograrmos educar e aperfeiçoar esta “visão profunda” dos símbolos, das cerimônias e ensinamentos, estaremos bebendo diretamente da fonte e compreenderemos a essência e o sentido profundo das mesmas.

(...) A Sabedoria Antiga afirma que viemos a este mundo para aprender e portanto chama a esta existência a “Escola da Vida”. Para poder aprender, devemos estar atentos e encontrar o sentido dos acontecimentos gratos e ingratos que se nos apresentam. Deste modo, a vida também possui uma parte “exotérica” (o que nos acontece) e uma parte “esotérica” (a causa do que nos acontece). A compreensão íntima destas “lições de vida” é o que nos faz evoluir conscientemente.

A Sabedoria Antiga 
Monografia I 
Opus Philosophicae Initiationis

O Controlador é o Controlado


Nós temos que compreender o fato de que o controlador é o controlado. O pensamento criou o pensador separado do pensamento que então diz: "Eu devo controlar". Assim, quando vocês percebem que o controlador é o controlado, vocês eliminam totalmente o conflito. O conflito só existe quando há divisão. Nossa vida está em conflito porque nós vivemos com essa divisão. Mas essa divisão é falaciosa, não é real; ela tornou-se um hábito nosso, uma cultura nossa. 

Assim, quando percebemos esse fato (que o pensador é o pensamento) então todo o modelo do nosso pensamento sofre uma mudança radical e não há nenhum conflito. Essa mudança é absolutamente necessária se estamos meditando porque a meditação exige uma mente altamente compassiva e, portanto, altamente inteligente, com uma inteligência que nasce do amor, não do pensamento astucioso. 

 A Rede do Pensamento 
J. krishnamurti 

Como bambu



O menino, depois de uma tempestade violenta, saiu na varanda da fazenda e gritou para o avô:

- Vô! Vem aqui, vô! Como o senhor explica essa figueira, que era árvore que gastava 4 homens para abraçar seu tronco, como é que essa figueira tombou, vô? O vento derrubou a figueira, vô! E como é que aquele pezinho de bambu tão fininho não caiu, vô?

O vô o pôs no cangote e o levou à figueira.

- Nossa, vô! Ela está oca! 
- É, com o tempo a figueira foi ficando oca... 
- Vô, mas não parecia!
- É por causa da casca, filho. Tinha uma casca muito grande... A gente não via, a gente olhava para a figueira e ela estava lá, “metidona”, “poderosa”... 
- É vô... Mas o bambú também é oco... 
- Então vem cá... 

Lá no bambu, bambuzinho pequenininho, o avô disse: “Primeira diferença, o bambu sabe que que é oco desde pequeno".

Primeira coisa que o bambu ensina pra mim e pra você: desde pequeno a gente é oco. 
Vazio para poder encher de Deus. Quanto mais eu me esvaziar, mais cheio de Deus e do Espírito Santo. 

Segunda coisa que o bambu nos ensina: a nossa vocação é o céu.
Enquanto as gramíneas se arrastam, o bambu, sendo gramínea, sobe, porque ele tem uma meta. Todo bambu cresce para o alto, sempre buscando o alto.

Terceira coisa: se ele quer crescer muito, ele tem que ter raízes profundas. 
Se eu quero chegar lá no alto, eu preciso ter raízes sadias, curadas. Raízes é aquilo que temos escondido (os vícios). Eu devo deixar a graça de Deus, a graça da cura, penetrar as minhas raízes. A raiz é alimentada pela leitura contínua da palavra de Deus. A raiz é alimentada por um grupo que me dá sustento, que me fortalece.

Quarta coisa: bambu não cresce para o lado, não cria galho. 
Se eu quero ter a graça de crescer para cima, eu não devo criar galho. Criar galho significa dispersar nossos dons, dispersar nossos talentos em coisa que não devemos.

Quantas pessoas se enroscam na vida porque estão sempre amarrados? Amarrado com Fulano, com Ciclano, com a falsa amizade... ‘Ah, eu tenho que ir lá porque sabe como é, né? A vida em sociedade, eu tenho que ir...”. Tenho que ir coisa nenhuma! Eu vou se eu quiser. A gente vai criando tanto galho, depois vive quebrando galho. A pessoa se divide. Tem tanta coisa pra fazer, tanta galhada! Corte as galhadas.

Porque quanto menos galho eu tiver, menos dolorosa será a poda.

Os galhos significam as coisas que a gente vai acumulando. Já percebeu quanta coisa a gente tem que a gente não precisa para viver? E vai se apegando...

Nós estamos aqui de passagem. Se você quiser crescer para o alto, corte a galhada. Canalize.

Crescer para o alto e cortar os galhos significa: investir a minha vida. E isso vale para tudo. Quantas famílias estão cheias de dívidas porque não se unem. Cortem o galho, cortem o supérfluo!

O galho cresce aqui, gruda lá, aí aquilo parece que já faz parte do galho e tem que proteger aquilo... E aí vai ficando pesado, o galho vai ficando muito grande, e bicho começa a fazer ninho, e cobras e lagartos, e vai apodrecendo. E a pessoa tenta proteger os galhos! Corte os galhos.

Alguns de nós somos uma galhada enorme. Tem pessoas que quando chegam no lugar você já nota aquela galhada chegando.

Quinta coisa: olhe bem de perto para o bambu. Já viu que ele é cheio de nozinhos? Não é o nó que enfeia o bambu. É o nó que dá resistência ao bambu. 
Por isso que lá embaixo os nós estão mais próximos. Nó significa cada etapa que eu venço, cada problema da minha vida que eu supero.

Se o bambu não tivesse nó ele seria lindo, pareceria um cano de PVC. Mas na primeira ventania racharia de cima até embaixo. É o nó que dá resistência ao bambu e o faz ser forte e firme!

Cada nozinho significa um problema resolvido. Cada vez que eu supero um desafio, cada vez que eu perdoo alguém que me machucou, cada vez que eu peço perdão a alguém que eu machuquei, cada vez que eu faço um pequeno jejum, é um nozinho que vai se solidificando... E o bambu vai ficando tão forte que na China eles fazem ponte com bambu para passar caminhão de guerra, fazem escadas e edifícios.

Uma coisa muito importante: problemas todos nós temos. Eles precisam ser assimilados, ao invés de fugirmos dos problemas. O mundo de hoje ensina você a fugir do problema. "Tome um gole de cachaça que passa!", "toma um doril a dor sumiu!"... Não! Jesus está dizendo para você: "Supere os problemas, eu estou aqui para mostrar como".

Você precisa ter a humildade do bambu de se enraizar no chão e cada dia viver como um dom de Deus (por isso ele ensina: ‘o pão nosso de cada dia’). O bambu tem nós, e nós significam etapas. Uma longa caminhada se faz com pequenos passos. Problemas a gente tem que solucionar um de cada vez. "Ai, padre, eu tenho 30 pratos pra lavar!" . Você nunca lavou 30 pratos. Você lava um, depois um, depois um, depois um...

Os nós são aquilo que fortalece o bambu.

Sexta coisa: olhe bem para esse bambu... Ele está sozinho? Não. A primeira coisa que o bambu faz quando começa a crescer: ele deixa o vento jogar uma sementinha do lado, e outra do lado, e outra... E esse vento é do Espírito. Bambu só cresce em touça.
Por isso, quando você olha de longe, uma touça de bambu é maior que uma figueira, maior que uma árvore. E essa touça é tão grudada porque:

Primeiro: nenhum deles tem galho.
Segundo: todos eles têm raízes profundas.
Terceiro: todos eles estão crescendo para cima.
Quarto: todos eles sabem que são ocos.
Quinto: todos eles vão se grudando um no outro porque aprenderam a fazer isso consigo mesmo. Quem aprendeu a superar os nós vai aprendendo agora a se apoiar um no outro. Um bambu apoia a si mesmo pelos nós (problemas superados) e agora se apoia em quem está ao lado.

Sétima coisa: o menininho desceu do cangote do avô, que pegou a ponta do bambu, entortou até o chão, soltou e o bambu voltou. "Meu filho, aprenda com o bambu a ter a humildade de se curvar na hora da tempestade".
A touça tem que se curvar, a família tem que se curvar, a comunidade tem que se curvar.


Como Bambu no Getsêmani
Palestra proferida pelo Padre Léo em campamento na Comunidade Canção Nova



Naturalidade

Podemos escolher nosso próprio caminho buscando a liberdade e a autonomia para uma vida mais feliz e mais humana. Uma vida que não viva da tão falida e desmoralizada competição desenfreada que se tornou a chave de sucesso para nossa sociedade que leva o ser humano a agir de acordo com a seguinte frase de Maquiavel: ”Os fins justificam os meios”.

Esta tarefa requer o reconhecimento de quem realmente somos como seres naturais e com aptidões naturais. Esta naturalidade promove criatividade para uma vida mais fluída, independente e tranqüila resultando em uma melhor qualidade de vida em todos os sentidos e consequentemente na felicidade"

Marcos César
"Quem Realmente Se É" para Felicidade e Qualidade de Vida
http://www.oagora.com/?p=2631

A Arte de Querer alguma coisa

A primeira condição para se obter mais do que uma realização medíocre em qualquer campo, incluindo o da arte de viver, é querer algo.

Querer uma coisa pressupõe ter tomado uma decisão e ter se empenhado em alcançar uma meta. Significa que a pessoa toda está atrelada e dedicada àquilo que ela decidiu a respeito; que toda sua energia flui
na direção da meta escolhida.

Onde as energias estão divididas em direções diferentes, o objetivo não é somente trabalhado com energia reduzida, mas a divisão de energias tem o efeito de enfraquecê-las, tanto numa direção como na outra, pelos constantes conflitos que são gerados.

Erich From
Trecho do livro Do Ter Ao Ser

Domínio da Mente



- Tetsuya.

O rapaz olhou espantado o estrangeiro.

- Ninguém nesta cidade viu Tetsuya segurando um arco – respondeu. – Todos sabemos que ele trabalha em carpintaria.

- Pode ser que tenha desistido, que tenha se acovardado, isso não me interessa – insistiu o estrangeiro. – Mas não pode ser considerado o melhor arqueiro do país, se já abandonou sua arte. E por isso viajei tantos dias: para desafia-lo e colocar um ponto final em uma fama que já não merece.

O rapaz viu que não adiantava ficar discutindo: era melhor leva- lo até o carpinteiro, para ver com seus próprios olhos que ele estava enganado.

Tetsuya estava trabalhando na oficina situada nos fundos de sua casa. Virouse para ver quem chegava, e seu sorriso foi interrompido no meio. Os olhos se fixaram na longa sacola que o estrangeiro carregava consigo.

- É exatamente o que você está pensando – disse o recém-chegado. – Não vim aqui para humilhar nem provocar o homem que virou uma lenda. Apenas gostaria de provar que, com todos os meus anos de prática, consegui chegar à perfeição.

Tetusya fez menção de retornar ao seu trabalho: estava terminando de colocar os pés de uma mesa.

- Um homem que serviu de exemplo para toda uma geração, não pode desaparecer como o senhor desapareceu – continuou o estrangeiro. – Segui seus ensinamentos, procurei respeitar o caminho do arco, e mereço que me veja atirar. Se fizer isso, irei embora e não direi a ninguém onde se encontra o maior de todos os mestres.

O estrangeiro tirou de sua bagagem um arco longo, feito de bambu envernizado, com o punho situado um pouco abaixo do centro. Fez uma reverencia para Tetsuya, caminhou até o jardim, e fez outra reverencia para um lugar determinado. Em seguida, tirou uma flecha ornada com plumas de águia, abriu as pernas de modo a ter uma base sólida para atirar, com uma das mãos trouxe o arco até diante de seu rosto, com a outra colocou a flecha.

O rapaz olhava com um mixto de alegria e espanto. E Tetsuya tinha interrompido seu trabalho, olhando o estrangeiro com curiosidade. O homem trouxe o arco – já com a flecha presa à corda – até o centro do seu peito. Levantou-o acima da cabeça, e a medida que abaixava as mãos, começou a abri- lo.

Quando chegou com a flecha a altura do seu rosto, o arco já estava completamente estendido. Por um momento que pareceu durar uma eternidade, arqueiro e arco permaneceram imóveis. O rapaz olhava para o local onde a flecha estava apontando, mas não via nada.

De repente, a mão da corda se abriu, o braço foi empurrado para trás, o arco descreveu um giro gracioso na outra mão, e a flecha desapareceu de vista, para tornar a aparecer ao longe.

- Vá pega-la – disse Tetsuya.

O rapaz voltou com a flecha: ela havia atravessado uma cereja que se encontrava no chão, a quarenta metros de distância.

Tetsuya fez uma reverência para o arqueiro, foi até um canto de sua carpintaria, e pegou uma espécie de madeira fina, com curvas delicadas, envolta em uma longa tira de couro. Desenrolou a tira sem a menor pressa, e apareceu um arco semelhante ao do estrangeiro – com a diferença que parecia ter sido bastante mais usado.

- Não tenho flechas, e precisarei de uma das suas. Farei o que me pede, mas terá que manter a promessa que fez: jamais irá revelar o nome da aldeia onde vivo. “Se alguém perguntar por mim, diga que foi até o final do mundo tentando encontrar- me, até descobrir que eu tinha sido picado por uma cobra, e morrido dois dias depois. “

O estrangeiro assentiu com a cabeça, e estendeu uma de suas flechas.

Apoiando uma das extremidades do longo arco de bambu na parede, e fazendo um considerável muito esforço, Tetsuya colocou a corda. Em seguida, sem dizer nada, saiu em direção as montanhas. O estrangeiro e o rapaz o acompanharam. Caminharam por uma hora, até chegar a uma fenda entre duas rochas, onde corria um rio caudaloso: o lugar só podia ser cruzado através de uma ponte de corda apodrecida, quase despencando.

Com toda calma, Tetsuya foi até o meio da ponte – que balançava perigosamente - fez uma reverência para algo do outro lado, armou o arco da mesma maneira que o estrangeiro havia feito, levantou-o, trouxe-o de volta ao peito, e disparou. O rapaz e o estrangeiro viram que um pêssego maduro, que se encontrava à vinte metros do local, havia sido transpassado pela flecha.

- Você atingiu uma cereja, eu atingi um pêssego – disse Tetsuya, voltando para a segurança da margem. - A cereja é menor. “Você atingiu seu alvo a quarenta metros, e o meu estava à metade desta distância. Portanto, você tem condições de repetir o que fiz. Venha até aqui o meio desta ponte, e faça a mesma coisa.”

Aterrorizado, o estrangeiro caminhou até o meio da ponte semi-apodrecida, mantendo os olhos fixos no despenhadeiro debaixo dos seus pés. Fez os mesmos gestos rituais, disparou em direção à arvore de pêssegos, mas a flecha passou muito longe. Ao voltar para a margem, seu rosto estava pálido.

- Você tem habilidade, tem dignidade, e tem postura – disse Tetsuya. – Conhece bem a técnica e domina o instrumento, mas não domina sua mente. Sabe atirar quando todas as circunstâncias são favoráveis, mas se estiver em um terreno perigoso, não consegue atingir o alvo. Entretanto, nem sempre o arqueiro pode escolher seu campo de batalha, de modo que recomece seu treinamento, e esteja preparado para situações desfavoráveis.

“Continue no caminho do arco, pois ele é o percurso de uma vida. Mas aprenda que um tiro correto e certeiro é muito diferente de um tiro com a paz na alma. “

O estrangeiro mais uma vez fez uma longa reverência, colocou seu arco e suas flechas na longa sacola que carregava ao ombro, e partiu. (...)


Paulo Coelho
O Caminho do Arco

Experiência Direta e as Religiões

Todo nosso conhecimento repousa sobre a experiência. O que chamamos conhecimento inferente, no qual se vai do particular para o geral ou vice-versa, tem a experiência por base.

A religião geralmente ensinada, fundamente-se na fé e na crença, e na maioria dos casos, consiste somente de diferentes esquemas de teorias; eis porque vemos religiões contra religiões. Essas teorias também repousam sobre crenças.

É por isso que a religião e a filosofia religiosa gozam, atualmente, de mau conceito. Parece que todo homem culto diz "Essas religiões são feixes de teorias sem qualquer ponto de apoio sólido, cada qual pregando as idéias que lhe convém".

Não obstante, existe na religião, uma base de crença universal, de que dependem todas as diferentes teorias e idéias das diferentes seitas, em diferentes países. Se buscarmos essa base, encontraremos que elas também são baseadas sobre experiências universais.

(...) Se formos à fonte do Cristianismo, veremos que está baseado na experiência. Da mesma maneira, no Budismo, trata-se da experiência do próprio Buddha, que experimentou certas verdades, viu-as, esteve em contato direto com elas e as pregou ao mundo.

(...) Todas as religiões do mundo form construídas sobre o universal e adamantino fundamento de todo nosso conhecimento: a experiência direta.

Se houve uma experiência nesse mundo, em qualquer ramo particular de conhecimento, certamente segue-se que essa experiência foi possível milhões de vezes antes e repetir-se-á eternamente. A uniformidade é a lei rigorosa da natureza: o que ocorreu uma vez poderá ocorrer sempre.

(...) Não só que a religião se baseia sobre a s experiências de outrora, mas também que nenhum homem pode ser verdadeiramente religioso enquanto não passar, ele próprio, pelas mesmas experiências.


Swami Vivekananda
Raja Yoga p. 7-8.

O aprendizado através do sofrimento e da dor


O sofrimento e a dor têm funções espirituais, morais e físicas para o homem terrestre. (...) No esquema planetário em que vivemos, eles são por enquanto importantes elementos para a evolução do homem (...)

O valor espiritual e evolutivo do sofrimento e da dor encontra-se no fato de o homem ser por eles levados a concentrar suas forças mentais em descobrir o motivo que o levou a tê-los, e ser com isso ajudado a desidentificar-se do seu próprio ego humano, núcleo que é, como se sabe, cheio de vícios e de hábitos passados. Destacar-se do ego, embora rápida e temporariamente, traz considerável benefício para o Espírito Cósmico que habita dentro do homem, que pode assim confirmar nele a verdadeira origem não-egóica e não-terrestre de sua natureza.

Através da concentração, ainda que momentânea, em um estado que não é do ego humano, a Fé pode descer da quarta dimensão para o eu consciente, e a ordem, a coragem e a calma, pode manifestar-se.

Em situações normais de felicidade, ou de aparente tranquilidade, essa energia, ainda parca para o homem comum, tem menos ocasião de chegar até a área em que ele é consciente; apenas uma necessidade em maior é capaz de atraí-la.


Trigueirinho
Caminhos para a Cura Interior. p78-79 Editora Pensamento

Exercício de Meditação (4): entregar-se ao processo sem expectativas

(...) e depois podem ocorrer outras coisas e não só essas da gente reencontrar algo que nós já tínhamos começado a trabalhar.

Vamos que a gente nunca tivesse trabalhado essas coisas, como há muitas pessoas que nunca trabalharam e decidem a trabalhar em uma determinada encarnação. Existem elementos cármicos positivos que nós podemos ter conosco guardados na nossa superconsciência ou subconsciência, elementos dos quais nós não temos a menor consciência. E se a nossa energia da fidelidade, da fé, do amor, da luz, todas essas qualidades que nós colocamos no processo de repente começam a vibrar, essas energias podem atrair nosso carma positivo, nosso carma de outros setores, não da meditação e não se sabe o que pode acontecer nessa química do nosso Eu Superior, nessa química da nossa Superconsciência, nunca se sabe.

Mesmo dizendo essas coisas cheia de esperanças não é bom que se crie expectativas baseadas nela. Essas coisas é somente para sabermos para nós ficarmos com uma visão do assunto. Eu não devo esperar que vou reencontrar meu ponto passado, não devo esperar que toda minha energia faça isso, eu não devo esperar coisa alguma. Eu devo fazer a coisa naquele momento porque a coisa deve ser feita, porque eu percebi que a coisa é pra ser feita e vou tirar de mim qualquer preocupação sobre assunto.

Enfim vou ficar concretamente entregue fiel ao processo. Este realmente é o caminho mais curto. Entregue, limpo, como se nada soubesse sobre esse assunto, tudo isso que vocês ouviram, vocês guardem no bolso, tirem tudo da mente, para que naqueles momentos em que a coisa balança, em que a personalidade fica desencorajada, tira do bolso e olha "Ah! Me lembrei agora" depois põem no bolso de novo porque tudo isso que eu estou falando atrapalha a meditação. Qualquer coisa que a gente coloque em mente é um obstáculo para a meditação. Então vocês põem isso no bolso para usar isso no momento que achar necessário e depois coloque no bolso de novo.

O Eu Consciente é para ficar completamente entregue, completamente sem expectativas e completamente apoiado numa coisa que não se vê, que não se sabe o que é, que não se sente, apoiado no nada. Ficar quieto no nada. E isso a gente vai fazendo gradativamente.

A Meditação - Parte 1
Palestra proferida em 01/01/1984
Trigueirinho
http://www.irdin.org.br/palestra/por/audicao.html?cod=3192

Desejo de Admiração



"O que fazemos só terá importância para o mundo apenas se ato representar a expressão de nosso próprio ser. Neste caso, não há necessidade de admiração por parte de ninguém"

 Marcos César
O Desejo de Admiração: Imaturidade para os Caminhos da Vida 
http://www.oagora.com/?p=2718&cpage=1#comment-2948

Medo


Nosso medo, a menos do medo de perigo de morte real, é centrado na idéia de solidão revestida de um desejo de alguma forma de aceitação por outrem, de tal maneira que este proporcione um espaço para realização de nossos desejos de vida.

Este medo gera nossa dependência emocional de aspectos externos a quem somos. Assim, se os acontecimentos ocorrem conforme nossas intenções e desejos, acreditamos que estaremos “emocionalmente bem”, caso contrário, estaremos “emocionalmente mal”.

O medo cria a ansiedade pela obtenção de uma segurança que nunca existirá e que nos condiciona a um modelo de vida que não leva em conta a felicidade no presente, adiada para um futuro promissor.

Viver condicionado por este medo é desacreditar em quem somos e em nosso verdadeiro potencial para viver e superar as adversidades através de nossas qualidades naturais e individuais das quais somos dotados. Ele põe abaixo nossa auto-confiança e auto-estima”



Marcos César
http://www.oagora.com/?p=2913

Ajudar Pessoas e a Vida: Como Fazê-lo de Forma Definitiva?



De que maneira podemos ajudar as pessoas ou a vida de uma maneira geral? 

Segundo consta, existem várias maneiras de fazer isto. Por exemplo, pode-se ajudar as pessoas a “serem felizes” como mostrado aqui, ou seja, “Seja feliz fazendo com que os outros sejam felizes”. Em geral, esta idéia é apresentada dizendo que nossos sonhos de felicidade se realizarão se ajudarmos os outros a realizarem os seus sonhos.

Mais claramente, nestas palavras esconde-se a preocupação e o medo da não realização dos sonhos, o que condiciona o ato da ajuda, na crença de que a obtenção do que se sonha realmente trará a felicidade. No entanto, isto não acontece, pois a felicidade individual não depende de nada que é externo. Ela, por si só, é o caminho e não o fim.

Outro exemplo é a da ajuda emotiva e comovente a catástrofes naturais e acontecimentos assemelhados. Neste caso a sensação de incômodo por trás destes, criam ajudas humanitárias que muitas vezes escondem sentimento de culpa, uma vez que a própria sociedade em seus princípios e valores dizimou e tem dizimado muito mais vidas que qualquer catástrofe natural.

Para isto, basta compreender o verdadeiro significado das guerras e da miséria, como também seus reais motivos. Em geral, a idéia por trás deste tipo de ajuda é a de “sinto-me feliz e bondoso por ter ajudado pessoas”. Estes sentimentos levam uma forma de alívio a um sentimento de incômodo interior pela percepção de uma situação desagradável que não se deseja a si ou a qualquer ente querido.

Então, mais uma vez, o sentimento de medo por trás deste incômodo gera o ato da ajuda, tornando-nos condicionados a ele. Este condicionamento nos aprisiona e nos torna facilmente manipuláveis. O medo, de certa forma, está presente nestes atos, o que precisa ser revisto com cuidado para que realmente se possa ajudar mais positivamente a vida de uma maneira geral, neste mundo.

Isto não quer dizer que não se deva ajudar pessoas ou vidas que venham a precisar, mas sim, dizer que qualquer que seja a ajuda realizada por condicionamento, ela não contribui para consciência de quem realmente se é, ou auto-conhecimento, para que se desencadeie a transformação para um mundo melhor.

Ao contrário, esta ajuda que trabalha num jogo de sentimentos que resulta de ação e reação não busca uma consciência, visão e uma verdadeira compreensão dos acontecimentos do mundo. Ela não traz a compreensão individual de quem se é, para, a partir daí, entender e compreender a natureza e toda a vida existente num sentido mais amplo.

É por isso que as guerras e a miséria acontecem, tirando a vida de milhares de seres, sendo que as pessoas preferem não pensar sobre estes acontecimentos.

É por isso que se acha uma atitude desumana os maus tratos a um animal de estimação, quando “admite-se como normal”, a morte, maus tratos, subjugação e toda a violência gerada a outros animais sencientes de vidas como as nossas, por interesses individuais do ser humano.

É neste aspecto que qualquer forma de ajuda condicionada pelo medo jamais trará consciência da verdadeira importância da vida no sentido geral, para que, assim, este ato tenha uma abrangência maior a todos os seres do mundo de maneira a dizimar toda e qualquer forma de violência que tanto sofrimento tem causado.

Baseado nisto sobre ajudar pense o seguinte:

Não se deixe levar por emoções e comoções generalizadas ou massificadas que sejam promovidas por meios de comunicação, ou instituições parecidas, que nitidamente tentam explorar a fraqueza presente em nossos medos para manipular e conseguir realizar seus próprios interesses. Perceba que não é a emoção que identifica a verdadeira necessidade da ajuda, mas sim, a compreensão e a consciência do valor da vida e da natureza em toda sua forma.

Deste jeito, a ajuda tem um sentido verdadeiro de amor que não faz perder a visão sobre os problemas e causas que ocorrem neste presente momento, no mundo.

Lembre-se que a melhor forma de ajuda que podemos dar às pessoas é aquela que pode levá-las a paz e a serenidade para uma melhor compreensão de si mesmas, e assim, promover suas próprias evoluções naturais como seres vivos.

A ajuda material tem sua importância e é algo pode de ser feito de maneira natural sem que se perca a compreensão e consciência de todas as realidades que provocam dor e sofrimento no mundo. Ou seja, a mudança para um mundo melhor não depende apenas da ajuda material que sempre tem um caráter provisório, mas, antes de mais nada, da visão aberta para o mundo presente com todos seus problemas, sabendo que a solução começa na mudança individual de cada um pelo reconhecimento de seu próprio ser. A consciência trazida pela manifestação natural de quem se é provoca mudanças individuais que levam em conta o verdadeiro valor da vida e da natureza, promovendo a paz e o amor entre todos os seres.

Enfim, não deixe o medo comandar a atitude da ajuda. Perceba a existência dele. Ao ser tomado pelas emoções trazidas por estes acontecimentos tristes, observe-se atentamente sem julgamento ou qualquer forma de pensamento. Apenas se observe e nada mais. Num dado momento ele vai cessar. Ao fazer isto, você está se conectando ao seu interior e a algo profundo em você. Longe do condicionamento da presença do medo, verifique se o que aconteceu podia ser evitado.

Se sim, pergunte-se quais as mudanças pode realizar em você mesmo para colaborar com o fim destes acontecimentos. Vá mais longe e questione-se sobre outras formas de acontecimentos deste tipo no presente momento que causam dores e sofrimentos às varias formas de vidas sencientes no mundo. E novamente verifique quais as mudanças que pode efetuar em você mesmo para colaborar com o fim destes acontecimentos.

Estas mudanças são o tesouro e verdadeira ajuda para um mundo melhor. Nelas há impregnado um princípio de consciência que não pode ser manipulado, pois ele é fruto da verdadeira liberdade de pensar que vem do interior. A ajuda que vem destas mudanças são verdadeiramente significativas e definitivas. Consciente de tudo isso, caso queira, verifique que tipo de ajuda material pode realizar nesta situação.

Neste momento esta ajuda não tem mais o caráter condicionado por sentimentos, mas sim, o de um ato que vem da consciência da necessidade, sofrimento ou dor do outro que no fundo significa parte da natureza e de nós mesmos. Esta mesma consciência estará presente em nossas vidas em todo momento para olharmos as coisas e buscarmos mudanças interior, que cada vez mais proporcione uma forma de ajuda definitiva para eliminar com toda forma de sofrimento e violência existente no mundo.

Excertos de "A Ciência Secreta"

Não procureis levantar o véu antes de terdes mudado os vossos desejos.

...

Que seria a Luz se tu a recebesses sem projetá-la sobre o mundo com tanto poder e doçura quanto ela te é dada?



A solidão que tens sofrido te conduz a refletir. A desilusão que talvez tenhas sofrido te conduz a encarar o mundo e a vida sob um aspecto mais exato.



O primeiro ponto a cumprir é conhecer-te. Não é sem causa que os antigos tinham feito deste conhecimento o primeiro estágio da sua iniciação. Sabes quais são as tuas qualidades e os teus defeitos. Deves desenvolver umas e eliminar outros.



Durville Henri 
A Ciência Secreta - Vol. I 

O observador é a coisa observada

Ao percebermos a verdade de que o observador é a coisa observada, não há então dualidade e, por conseguinte, não há conflito. Para que possa haver uma revolução total na mente, deve desaparecer totalmente o observador, porque o observador é a coisa observada. Só há transformação total quando o observador é a coisa observada, pois o observador nada pode fazer em relação àquilo que observa. 

Jiddu Krishnamurti

Carma e Darma - Causa e Propósito do Destino



[...] O carma é composto por muitas linhas divergentes e conflitantes decorrentes das diversas ações harmônicas e desarmônicas que cometemos no passado. A linha de tendência resultante de todas essas múltiplas ações apontam numa determinada direção e assume um determinado propósito alinhado com a ordem divina do universo e de nossa vida em particular. Essa direção é o Darma.

O darma é aquilo que os cristãos (particularmente os protestantes) costumam chamar de “O Plano de Deus para nossa vida”. Para atingirmos o nosso darma, temos de navegar nas “ondas” revoltas do carma, até que essas ondas estejam todas alinhadas e não exista mais diferença entre o carma e o darma. Quanto mais anulamos o nosso carma, mais tomamos consciência do nosso darma e mais alinhamos nossa vida com ele.

Todavia, mesmo a pessoa que está vivendo uma fase de turbulência existencial e intenso sofrimento, está trabalhando simultaneamente seu darma, com a diferença de que está navegando uma onda periférica e prioritária, ilusoriamente afastada do curso normal de sua existência, o que não é verdade se virmos o fato no plano espiritual. É como um motorista numa estrada que se afasta da via principal para trocar um pneu ou reabastecer o seu veículo. Logo que essa operação for concluída, ele retorna à via principal. Naquele momento específico de sua viagem, a operação de troca dos pneus ou de reabastecimento foi mais importante do que seguir o curso normal da viagem [...].


Relatos e Sínteses sobre Temas da Sabedoria Perene
http://www.sociedadeteosofica.org.br/bhagavad/site/livro/cap13.htm

A Experiência é a base do Conhecimento

Todo nosso conhecimento repousa sobre a experiência.
O que chamamos conhecimento inferente, no qual se vai do particular para o geral ou vice-versa, tem a experiência por base.

S.Vivekananda
Raja Yoga

Libertação do carma


(...) Você tem direito a bem poucas escolhas na arena da vida diária, mas você sempre poderá escolher como vai viver os incidentes da vida de momento em momento.

Todas as reações que se originam no passado são limitadas e dependentes, mas se você enfrenta todos os eventos com atenção plena e boa vontade, algo novo e criativo acontece e isto corrige todas as ações.

A libertação do Karma não ocorre pela substituição do mau pelo bom Karma, mas pela queima de todo Karma no fogo da compreensão e do amor. A isto podemos chamar harmonia interna.



Einar Adalsteinsson
Harmonia Interna: O Enfoque Psicológico
http://www.sociedadeteosofica.org.br/artigos.asp?item=159&idioma=

A arte de cumprir o dever a cada momento



Nunca há qualquer necessidade de se preocupar. A boa lei cuida de todas as coisas, e tudo o que todos temos de fazer é o nosso dever, como ele se apresenta, ao longo de cada um dos dias. Nada se ganha por se preocupar com assuntos e com a forma como as pessoas não respondem.

Em primeiro lugar, considere que você não altera as pessoas e, em segundo, por estar preocupado com coisas, você coloca um obstáculo oculto no caminho do que você deseja fazer. É melhor adquirir uma grande quantidade do que o mundo chama de desapego, mas que é, na realidade, uma calma confiança na lei, e a ação de cumprir com seus deveres, convencido de que os resultados devem ser os corretos, não importa quais eles possam ser.

O passado! O que é? Nada. Já se foi! O melhor é não lhe dar importância. Você é o passado de si mesmo. Por isso, ele não diz respeito a você como “passado” - diz respeito a você somente na medida e nas circunstâncias em que você existe e está agora mesmo.

Em você, na forma em que agora existe, permanece todo o passado. Então, siga a máxima hindu: “Não lamente nada, nunca se arrependa e retire todas as dúvidas, com a espada do conhecimento espiritual”. O lamento é produtivo apenas em relação a um erro ocorrido. Não importa o que eu fui, ou o que qualquer um foi.

Eu só olho o que sou a cada momento, porque cada momento é e, subitamente, não é mais -do que se conclui que se quisermos pensar no passado, estaremos esquecendo do presente, e enquanto esquecemos os momentos voam para longe de nós, aumentando ainda mais o que é passado. Então, não devemos lamentar nada, nem mesmo as maiores tolices da vida, pois elas já se foram, e você está a trabalhar no presente, que é simultaneamente passado e futuro, de uma só vez.

Naquele que sabe que todos os seres espirituais são iguais em qualidade ao Ser Supremo, que espaço pode haver para desilusão, e que espaço de tristeza poderá existir, diante da unidade do espírito?

Em todas estas experiências interiores existem marés, assim como no oceano. Subimos e descemos. Os deuses descem e, em seguida, voltam para o céu. Não pense em fazê-los descer, mas esforce-se para elevar a si mesmo pelo caminho ao qual eles periodicamente retornam e, assim, aproxime-se deles, de uma forma que possa, de fato, receber influências deles bem mais cedo do que em vezes anteriores.

Confie sempre − interiormente − em seu Eu Superior, que proporciona força. O caminho fica mais claro à medida que prosseguimos, mas como temos o esclarecimento, tornamo-nos menos ansiosos, com o novo trecho a seguir. Se as pessoas permitirem que cada um siga e tenha sua própria decisão, com tranquilidade, todos se sairão bem. É um dever de cada um não interferir no dever do outro e nisto é da maior importância que nossas mentes (assim como as nossas línguas) estejam separadas e respeitem os deveres e atos de outrem, sempre que estes se encontrarem fora dos nossos próprios deveres e atos.

O futuro, então, para cada um, será proveniente de seu momento presente específico. Conforme usamos o momento presente, movimentamos o futuro para cima ou para baixo, para o bem ou para o mal, considerando que o futuro é apenas uma palavra para o presente − que ainda não chegou − temos que ver e dar atenção ao presente, mais do que tudo. Se o presente for cheio de dúvidas ou vacilação, assim será o futuro; se cheio de confiança, serenidade, esperança, coragem e inteligência, assim também será o futuro.

O Eu Superior não é puro, brilhante, imaterial e livre? E você não é isso? Se você estiver de algum modo deprimido, ou se qualquer um de nós estiver, então, exatamente na mesma medida nossos pensamentos estarão com sua força diminuída. Então, peço-lhe para retirar de sua mente qualquer desgosto pelas atuais circunstâncias. Se você puder olhar tudo apenas da forma que de fato deseja, irá agir não apenas como um fortalecedor de seus bons pensamentos, mas irá agir refletidamente em seu corpo e torná-lo mais forte.

O grande esforço deve ser o de abrir o meu Eu exterior, para que o Eu Superior possa brilhar através dele, porque sei que, em meu coração, a Sabedoria e o Equilíbrio universal permanecem pacientes - e que seus raios puros estão apenas velados diante de mim, pelas muitas buscas e ilusões que tenho trazido comigo, exteriormente.




William Q. Judge
http://filosofiaesoterica.com/ler.php?id=685
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