O que é o Amor Verdadeiro


Vivemos em um mundo de AMOR ou de RAIVA?
A resposta de muitas pessoas seria Amor, porém não é essa a realidade que experimentamos no dia a dia.

A maior parte de nós passa o dia todo oscilando em pensamentos de desaprovação daquilo que vemos no mundo ou no comportamento de outras pessoas. A raiva parece ser uma palavra pesada, mas é exatamente o que sentimos em cada um desses momentos onde não concordamos com a realidade que nos é posta.

Poderíamos entender a raiva como o sentimento de repulsa, aquilo que nos faz repudiar e negar diversas experiências as quais nos deparamos. Vivemos entendendo que o contrário da repulsa, o desejo, seria a solução para estados mais felizes e amorosos. Mas o desejo também é uma forma de aprisionamento.

O desejo e o gostar de algo é confundindo com o Amor, mas no sentido Espiritual, desejos nunca nos trarão a verdadeira experiência do Amor.

Em nome dos desejos e das repulsas criamos estados mentais e sentimentais de discórdia. Perturbarmos a paz alheia e colocamos em cheque a nossa própria paz.

Criamos guerras e conflitos em nome daquilo que dizemos amar (países, religiões, pessoas, propriedade, idéias, auto-imagem), que na verdade são desejos de auto-satisfação baseado em coisas pequenas: um cargo melhor, uma propriedade melhor, reconhecimento social, um filho que faça aquilo que queremos que ele faça, um vizinho que se comporte como queremos que ele se comporte, etc.

Não há Amor na guerra, assim como não haverá amor em nome do desejo ou da repulsa.

O Amor Verdadeiro é o sentimento a ser aprendido nessa experiência na Terra. 

Começamos a tomar contato com o Amor Verdadeiro quando praticamos a inofensividade que nos conduz a  PAZ e ao NÃO-CONFLITO.

Começamos a tomar contato com o Amor Verdadeiro quando praticamos o auto-esquecimento, isto é, fazemos as coisas sem colocar nosso pequeno ego na frente de tudo. Isso nos conduz para o ALTRUÍSMO e o TRABALHO DESINTERESSADO.

Começamos a tomar contato com o Amor Verdadeiro quando temos atenção e tomamos cuidado com cada uma de nossas PALAVRAS e AÇÕES, compreendendo que elas são a materialização de nossos propósitos e vontades. Se essas vontades são elevadas, palavras e ações corretas serão uma tônica, nos conduzindo para a UNIÃO com todos. Unidos não haverá separatividade e portanto guerras, conflitos, egoísmo, etc.

Não haverá Amor sem a prática sincera da inofensividade, do desinteresse pessoal e da palavra e ação corretas.

Sem isso o Amor é uma quimera, um apego, um auto-engano, um mero desejo de posse, o subjugo de outras pessoas e Almas a suas próprias vontades egoístas para auto-afirmação e tantas outras coisas que damos o nome incorreto de Amor.

Pratique as ações que levam ao Amor Verdadeiro e então experimente-o! Até lá, observe e compreenda que, até agora, você possivelmente confundiu o Amor com outros sentimentos.

S.N.

Implacabilidade

ALUNO: Você falou muito sobre impiedosidade e destemor? Com relação a que somos implacáveis? Você apenas implacavelmente assume uma atitude psicológica particular?

TRUNGPA RINPOCHE: O ponto de ser implacável é que quando você é implacável, ninguém pode persuadi-lo. Ninguém é capaz de seduzi-lo numa direção pouco saudável. É implacável nesse sentido, e não no sentido convencional da agressão ilógica - tal como é o caso de Mussolini ou Hitler ou alguém desse tipo. Você não pode ser persuadido ou seduzido; você não aceitaria isto. Mesmo as tentativas de seduzi-lo produzem uma energia que é destrutiva na direção daquela sedução. Se você está completamente aberto e completamente excitado em termos de louca sabedoria, ninguém pode atraí-lo para seu território.

A: Então você mantém esta implacabilidade.

TR: Você não se mantém implacável. Sua implacabilidade é mantida pelos outros. Você não mantém coisa alguma. Você apenas está ali, e o que quer que surja, você apenas re-projeta. Tome o fogo por exemplo. Ele não possui seu poder de destruição. Aquilo apenas acontece. Quando você coloca algo no fogo ou tenta apagá-lo, seu poder ofensivo simplesmente surge. É a natureza orgânica ou química do fogo.

A: Quando estas coisas vêm até você, então você tem que ser implacável de forma a repeli-las, certo? Então parece que um julgamento tem que ser feito quanto a certo e errado, de forma que isso que surje a você seja percebido como positivo ou negativo, de forma a ser compassivo ou implacável.

TR: Não vejo assim. Este é o ponto principal do tipo transcendental de implacabilidade. Não necessita julgamento. A situação gera a ação. Você simplesmente reage, porque os elementos contêm agressão. Se lidarmos ou interferimos com os elementos de uma forma irreverente ou sem habilidade, eles rebatem.

A implacabilidade parece sobreviver num sentido de relatividade, "disto" versus "aquilo", mas de fato não é assim. É absoluta. Os outros apresentam uma noção relativa, e você corta. Este estado de ser não é num nível relativo de forma alguma. Em outras palavras, este absoluto corta através de todas as noções relativas que surgem, mas ainda assim permanece auto-contido.



Chögyam Trungpa Rinpoche
Crazy Wisdom
Traduzido por Eduardo Padma Dorje em 03/09/2001
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1024


Pontos para auto-reflexão


Felicidade. Todas as pessoas se esforçam para a felicidade. A sabedoria antiga diz-nos que a felicidade virá a nós quando deixarmos de busca-la para nós mesmos, quando vivemos com o fim de fazer os outros felizes.  A felicidade não é encontrada nas coisas exteriores e circunstâncias, mas em contentamento interior. Tornamo-nos mais felizes na medida em que nos libertamos do nosso descontentamento, nossa inveja, nossas demandas sobre outras pessoas e sobre a vida.

Aceitar o inevitável. Certas coisas estão em nosso poder, a maioria das coisas não são. Não adianta reclamar do inevitável, lamentando, colocando uma resistência, desejando algo diferente. Desejos vãos roubam a vontade, o poder de que precisamos para fazer uma contribuição positiva onde nós de fato podemos.

Sofrimento. O sofrimento é inevitável enquanto somos seres humanos. Devemos como uma questão de princípio, sem exceção, independentemente da nossa simpatia ou antipatia para com a pessoa que sofre tentar ajudar quando e onde pudermos. O sofrimento é, no fundo, sempre auto-causado por crimes contra as leis da vida. É, no entanto, um equívoco das leis da vida abster-se de ajudar, invocando "o carma da pessoa que sofre" como uma desculpa. Porque quando se tenta aliviar o sofrimento nós somos os agentes das leis da vida.

Ataques. Quando estamos sob o ataque de outras pessoas, quando estamos sendo criticados ou culpados, nós em 99% dos casos  encaramos com repulsa ,  repudiando de forma agressiva e retaliamos com abuso correspondente, ou depressivamente repousando na auto-piedade. No entanto, existe um terceiro método, que é positivo, construtivo e evolutivo para ambas as partes: a compaixão impessoal. Usando isto nós ouvimos as críticas com esse espírito: "Eu posso aprender alguma coisa disto, por mais que essa situação seja exagerada e bizarra. Eu posso saber o que a outra pessoa pensa serem minhas falhas, o que pode me ajudar a superá-las. Eu aprendo algo sobre a natureza e funções do homem. Eu exercito-me na virtude da invulnerabilidade e, acima de tudo:  Eu promovo uma melhor relação com essa pessoa, encarando a ira com calma, para que então ela não possa fazer outra coisa senão lamentar o assunto mais tarde, de modo que podemos nos tornar amigos de novo . "Nós somos responsáveis uns pelos outros. Se encaramos a indelicadeza com indelicadeza, então infalivelmente contribuiremos para que a outra pessoa fique presa em um estado negativo e doloroso.

Do medo de falhar, isso é um sério obstáculo para a evolução. Muitas vezes deixamos de agir, de fazer o que podemos por medo de cometer erros. A teoria Hylozoica (Pitágoras) nos proporciona a compreensão teórica do fato de que o homem é um ser muito imperfeito, já que ele está em desenvolvimento. Mas, de alguma forma, ainda se apeguem a esse vida hostil moralista (fomentado pelas exigências do cristianismo que o homem seja perfeito), dizendo que "ele é perfeito não comete erros óbvios". O absurdo deste ponto de vista é claro pelo fato de que o indivíduo passivo que está sentado quando algo errado está sendo feito, obviamente, "não comete erros". De acordo com a lei da colheita, no entanto, a passividade e omissão têm as suas consequências, e de nenhuma maneira mais suaves. Uma maneira de sacudir essa passividade perversa é dizer para si mesmo várias vezes: "O valor que dou a mim mesmo não é devido aos meus chamados fracassos, mas minhas tentativas sinceras e minha busca constante de evoluir."

Pare de acusar os outros pelos problemas! De preferência procure as causas em si mesmo, se você a procura em tudo que está fora! Não seja lento para agir! Faça isso agora!

Confie em si mesmo. Geralmente, somos muito dependentes da forma como as outras pessoas nos vêem e valorizam nós. Estar sob esta força nos esforçamos para agradar os outros e temos uma compulsão interna para justificar nossas ações antes dos outros. Precisamos fortalecer a nossa confiança em nós mesmos. Um bom começo é abster-se, em princípio, de dar aos outros vislumbres de nossa vida privada, de explicar os motivos para os nossos pontos de vista particulares, etc, que é um direito concedido a nós pela lei da liberdade. É um método de trabalho do lado da evolução também porque é uma forma não agressiva de neutralizar eficientemente fofoca geral e curiosidade.

Gratidão. Todos os dias devemos contemplar, por alguns minutos, quão  imensamente são as coisas que temos as quais devemos ser gratos, quantos favores,  oportunidades, a vida nos dá possibilidades em quase todos os momentos, como poderíamos usá-las melhor no serviço da vida e ao fazê-lo pagar por nossos débitos. Lema: "Seja grato por tudo!"


Henry T. Laurency

Prática Espiritual


ALUNO: Como nos relacionamos com esperança e medo através da disciplina da prática espiritual?

RINPOCHE: Este é um bom ponto, na verdade. Desse ponto de vista, tudo que é violento - tudo que não conhece esperança e medo - relaciona-se com a prática espiritual.


Chögyam Trungpa Rinpoche
Crazy Wisdom
Traduzido por Eduardo Padma Dorje em 03/09/2001
http://www.nossacasa.net/shunya/default

Espiritualidade é uma forma


(...) em outras palavras, espiritualidade não é realmente o caminho,
mas espiritualidade é uma forma de condicionar nosso caminho, nossa energia.


Chögyam Trungpa Rinpoche
Crazy Wisdom
Traduzido por Eduardo Padma Dorje em 03/09/2001
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1024

Despertar requer Prática


Nossa essência intrínseca é um estado da maior simplicidade, embora durante o processo de se revelar tenhamos de trabalhar com a complexidade e a confusão de nossas mentes, como elas são (estão) no presente.

Pode parecer que ensinamentos como esse na verdade encorajem a não meditar ou fazer qualquer tipo de prática. Entretanto, as vidas dos grandes mestres dzogchen mostram que eles passaram muitos anos em retiro e fizeram esforços tremendos, antes que atingissem o estado espontâneo da consciência natural. Em adição, suas biografias revelam que tiveram uma fé e uma devoção extraordinárias a seus gurus e grande respeito por todos os estágios do caminho.

Podem existir algumas poucas pessoas que, como resultado de práticas de vidas anteriores, possam penetrar direto na essência em um curto período de tempo, mas a grande maioria de nós precisa passar por um período mais longo de preparação. Para se basear no estado de não-meditação e não-perturbação [não-distração], precisamos praticar a meditação convencional primeiro, senão apenas permanecemos sob a influencia da perturbação/distração, quer estejamos conscientes disso ou não. Como diz o texto:

Todos os seres são na realidade a essência desperta,
Mas sem praticarem de fato eles não irão despertar.

Francisca Fremantle
VAZIO LUMINOSO
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1170

Pensamento Semente para Meditação

Minha vida está entregue à Inteligência Divina. Estou agora livre, receptivo e submisso aos seus valiosos ensinamentos e orientações.

Catherine Ponder

Percepção e Liberdade


Tudo que parece nos prender e nos iludir vem da nossa própria percepção equivocada.

A mente construiu sua própria prisão e sua própria teia de enganos. Portanto, assim que a verdadeira natureza da mente é realizada, ela é vista como tendo estado sempre essencialmente livre; naquele instante, ela se libera por seu próprio poder.


Francisca Fremantle 
VAZIO LUMINOSO  
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1170

O Segredo da Ação (Karma)


O homem ideal é aquele que  em meio do maior silêncio e solidão encontra atividade intensa, e em meio da maior atividade sente o silêncio e a tranquilidade do deserto. Um homem assim aprendeu o
segredo da restrição:  governa-se  a  si  mesmo.

Enquanto  anda  pelas  ruas  de uma grande cidade repleta de tráfico, sua mente está  tranquila como  se  estivesse  em  uma  caverna  aonde  não  pudesse  chegar um único som, e trabalha intensamente todo o tempo.

Este é o ideal  do  Karma-Yoga,  e  se  o  tiverdes  alcançado, tereis  aprendido realmente o segredo da ação.

Swami Vivekananda
Karma-Yoga

Cultivando o amor bondade (metta)


O tipo de amor bondade que queremos cultivar não é o amor comum tal como é entendido no uso diário.

Quando você diz, por exemplo, "eu amo tal pessoa" ou "tal coisa", o que você realmente está querendo dizer é que você deseja a aparência, comportamento, idéias, tom da voz ou a atitude em geral daquela pessoa, em relação a você particularmente, ou em relação à vida de forma geral. Se aquela pessoa mudar as coisas pelas quais você a deseja, você poderá decidir que não a ama mais. Se as preferências, caprichos e fantasias das pessoas mudarem, elas não mais dirão "eu amo tal pessoa".

Nessa dualidade de amor-ódio você ama uma pessoa e odeia outra. Você ama agora e odeia depois. Você ama quando quiser e odeia quando quiser. Você ama quando tudo está bem e sem problemas e odeia quando alguma coisa dá errado no relacionamento entre você e a outra pessoa.

Se o seu amor muda dessa forma de tempos em tempos, de lugar em lugar e de situação para situação, então o que você chama de "amor" não é metta mas sim desejo, cobiça ou luxúria - de nenhuma forma isso é amor.

O tipo de amor bondade que queremos cultivar através da meditação não possui um oposto ou um motivo velado. Assim, a dicotomia amor-ódio não se aplica ao amor bondade cultivado através da sabedoria ou da atenção plena, pois ele nunca irá se transformar em ódio à medida que as circunstâncias mudarem.

O verdadeiro amor bondade é uma faculdade natural que está oculta sob o amontoado de desejo, raiva e ignorância. Ele não pode ser dado. Nós precisamos encontrá-lo dentro de nós mesmos e cultivá-lo com a atenção plena.

A atenção plena o descobre, cultiva e mantém. A consciência do "eu" (ahankara) se dissolve com a atenção plena e o seu lugar é tomado pelo amor bondade isento de egoísmo.

Bhante Henepola Gunaratana
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/metta_bhanteg.php

Sentimentos



Independentemente do que acontece fora, podemos aprender a tomar a responsabilidade pelo que sentimos e deixar de culpar os outros. Ao invés de ficarmos irritados, feridos ou com raiva diante da preguiça, desonestidade ou atraso dos outros, podemos optar por permanecer estáveis em resposta ao comportamento das pessoas. 

Mesmo se algo aconteceu no passado, não deveríamos culpar o passado pelos sentimentos que temos hoje. Nossos sentimentos hoje são nossa responsabilidade e escolha. Tudo que acontece externamente é um estímulo - experiências passadas, situações presentes, movimentos planetários. Seja qual for o estímulo, a resposta é criada por nós mesmos.

Mas eu, a alma, já sou paz, amor, contentamento. Nada do que está fora precisa ser perfeito para que possamos experimentar nossas próprias qualidades. Já as temos.


BK Shivani

Meditação: invista tempo e energia. Aprenda a lidar com o sofrimento.




A dor é inevitável, mas o sofrimento não. Dor e sofrimento são dois animais  diferentes.

Caso uma daquelas tragédias se abater sobre seu estado de mente atual, você  sofrerá. O padrão habitual que atualmente controla  sua mente lhe prenderá naquele sofrimento e não haverá saída.

Um pouco de tempo gasto para aprender alternativas àqueles  padrões habituais será um bom investimento de tempo. A maioria dos seres humanos gasta  suas energias inventando maneiras de aumentar o prazer e diminuir a dor. O Budismo não  aconselha que se pare totalmente com todas essas atividades. Dinheiro e segurança está  bem. A dor deve ser evitada sempre que possível. Ninguém está dizendo a você doar todas
as suas posses e buscar desnecessárias dores, mas o Budismo lhe aconselha a investir parte  do seu tempo e energia aprendendo a lidar com o desprazer, porque alguma dor é inevitável. 

Vendo um caminhão vindo para cima de você, pule para fora da estrada de qualquer  maneira. Mas gaste algum tempo também em meditação.

Aprender a lidar com o desconforto é o único caminho para preparar-se para manejar a situação do caminhão que você nem tinha visto.


Problemas aparecerão na sua prática. Alguns deles serão físicos, outros emocionais,  e alguns serão de atitudes Todos podem ser enfrentados e cada um tem uma resposta especifica. Todos são oportunidades de se libertar.


Bhante Henepola Gunaratana

A Lembrança de Si


P.- A lembrança de si ou a auto-observação são incompatíveis com o desistir e o estar aqui?

R: A lembrança de si é, na verdade, uma técnica muito perigosa. Pode tanto consistir na observação de nós mesmos e de nossos atos, como um gato faminto observa um rato, quanto pode ser um gesto inteligente de estarmos onde estamos. Toda a questão se resume em que, se tivermos alguma ideia de relação - estou vivendo esta experiência, estou fazendo isto - o "eu" e o "isto" são, igualmente, muito fortes.

De uma forma ou de outra, haverá conflito entre "eu" e "isto". É mais ou menos como dizer que "isto" é a mãe, e "eu", o pai. Com a presença destes dois extremos tão polarizados, estamos fadados a dar origem a alguma coisa. Daí que a ideia toda consiste em fazer com que "isto" não esteja presente, pois neste caso "eu" tampouco estará. Ou, então, que "eu" não esteja presente e, portanto, "isto" também não.

Não se trata de nos dizermos isto, mas sim de senti-lo, uma experiência efetiva. Precisamos afastar o observador que vigia os dois extremos. Afastado o observador, a estrutura toda cai por terra.

A dicotomia só subsiste enquanto houver um observador que mantenha o quadro todo em pé. Precisamos remover o observador e a complicadíssima burocracia que ele cria para se certificar de que nada vai escapar ao quartel-general. Afastado o observador, abre-se um espaço enorme, pois ele e a sua burocracia ocupam demasiado lugar. Se eliminarmos o filtro do "eu" e "outro", o espaço torna-se vivo, preciso e inteligente. O espaço contém a precisão incrível de poder trabalhar com as situações nele existentes. Na realidade, não precisamos do "vigia" ou do "observador" para nada.


Chögyam Trungpa Rinpoche
ALÉM DO MATERIALISMO ESPIRITUAL

Conheça a armadilha para sair dela



É essencial aprender a confrontar-se com os aspectos menos agradáveis da  existência.

Nosso trabalho como meditantes é aprender a ser pacientes conosco mesmos, nos ver de uma maneira imparcial, completa, com todo nosso sofrimento e inadequação. Temos  que aprender a ser bondosos conosco. A longo prazo, evitar o desagradável é uma coisa  cruel contra você mesmo.  Paradoxalmente, bondade implica em um confronto com o desagradável, quando ele aparece.

Uma das mais populares estratégias humanas para lidar  com as dificuldades é a auto-sugestão: quando algo  ruim sobrevêm, você convence a si  mesmo que ele não está ali, ou se convence que ele é mais agradável do que desconfortável.

A tática do Buda é o oposto. Ao invés de esconder ou disfarçar, o ensinamento do Buda encoraja-o a examinar exaustivamente. O Budismo aconselha-o a não acrescentar sensações  que na verdade não tenha e a não evitar sensações que você tenha. Se é miserável você é  miserável; esta é a realidade, isto é o que está acontecendo, então se confronte com isto.  Olhe de frente, sem hesitar. Quando estiver tendo um tempo ruim, ruim é isto, observe  atentamente, estude o fenômeno e aprenda seu mecanismo.


O jeito de se escapar de uma  armadilha é estudar a própria armadilha, aprender como ela foi construída. Você faz isto tomando a coisa em separado, peça por peça. A armadilha não poderá lhe pegar se tiver sido
examinada parte por parte. O resultado é liberdade.


Bhante Henepola Gunaratana
A Meditação da Plena Atenção,  Tradução da equipe da Casa do Dharma

O homem polarizado no Corpo dos Desejos (Astral)



(...) O mesmo acontece com o Ego (Alma). Ele trabalha com um corpo triplo, o qual controla, ou devia controlar, através da mente. Mas, é triste dizer, este corpo tem sua própria vontade e é freqüentemente ajudado e induzido pela mente, frustrando assim os propósitos do Ego.

Esta antagônica “vontade inferior” é uma expressão da parte superior do corpo de  desejos. Quando a separação do Sol, Lua e Terra aconteceu, no início da Época Lemúria, a porção mais adiantada da humanidade em formação sofreu a divisão do corpo de desejos
em parte superior e parte inferior. O resto da humanidade o fez no início da Época Atlante.

Esta parte superior do corpo de desejos tornou-se um tipo de alma animal. Construiu  o sistema nervoso cérebro-espinhal e os músculos voluntários, controlando a parte do tríplice corpo até que o elo da mente foi dado. Então, a mente uniu-se com esta alma animal
e tornou-se uma co-regente.

A mente está, assim, atada ao desejo, emaranhada na natureza  inferior egoísta,  dificultando ao Espírito o controle do corpo. A mente focalizadora, que devia ser a aliada da natureza superior, está alienada, ligada à natureza inferior e escravizada pelo desejo.

A lei das Religiões de Raça foi trazida para emancipar o intelecto do desejo.  O  “medo de Deus” veio para se opor aos “desejos da carne”. Isto, no entanto, não foi  suficiente para capacitar o ser humano a se tornar senhor do corpo e assegurar sua  cooperação voluntária. Tornou-se necessário para o Espírito encontrar no corpo um ponto de apoio que não estivesse sob a influência da natureza de desejos. Todos os músculos são expressões do corpo de desejos e um caminho  livre para a traiçoeira mente que reina suprema, aliada ao desejo.

Max Heindel
O Corpo de Desejos

Intenção


Segurar a flecha é estar em contacto com a sua intenção.

É preciso olhar todo seu comprimento, ver se as plumas que guiam seu vôo estão bem colocadas, verificar a ponta, ter certeza de que ela está afiada. Certificar-se que está reta, não foi curvada ou danificada por um tiro anterior.

A flecha, como sua simplicidade e leveza, pode parecer frágil – mas a força do arqueiro faz com que ela consiga carregar para longe a energia de seu corpo e de sua mente. Conta a lenda que uma simples flecha já foi capaz de afundar um navio, porque o homem que a atirou sabia onde estava a parte mais fraca da madeira, e assim abriu um buraco que fez com que a água penetrasse sem ruído no porão, destruindo a ameaça dos invasores de sua aldeia.

A flecha é a intenção que deixa a mão do arqueiro, e parte em direção ao alvo – portanto, ela é livre em seu vôo, e irá seguir o caminho que lhe foi destinado no momento do tiro.

Será tocada pelo vento e pela gravidade, mas isso é parte do seu percurso: uma folha não deixa de ser folha só porque uma tempestade a arrancou da árvore.

Assim é a intenção do homem: perfeita, reta, afiada, firme, precisa. Ninguém consegue detê-la enquanto cruza o espaço que a separa do seu destino.


Paulo Coelho
O Caminho do Arco

Síntese da Iluminação

Podemos sintetizar aquilo que nos separa de nossa existência atual da existência "Iluminada" em dois pontos:

1. Eliminação dos obscurecimentos Emocionais.
2. Eliminação dos obscurecimentos Cognitivos.

Estudar, meditar e praticar sobre esses dois pontos resume todo nosso trabalho aqui na Terra.


Karma (ação) não aprisiona


O Karma, como tal, não tem capacidade de aprisionar; é a arrogância: "eu sou o executor", que causa apego e escravidão. Novamente, é o desejo pelo fruto da ação que produz a escravidão.

Por exemplo: o zero tem valor apenas quando em associação com um algarismo. Karma é zero; o sentimento de "fazedor", quando associado ao Karma, gera escravidão. Então, abandone o sentimento de "eu" e o Karma que você realiza nunca irá prejudicá-lo.

Karma feito sem qualquer desejo por seus frutos não produzirá impulsos, ou seja, não haverá nenhum impulso até mesmo para um nascimento. Os aspirantes espirituais do passado realizaram Karma com esse ideal em vista. Eles nunca sentiram que eram os "fazedores" ou "desfrutadores dos frutos" de qualquer ato. 

O Senhor fez, o Senhor deu o fruto e o Senhor desfrutou do fruto - essa era sua convicção! Você também deve cultivar tal fé.

Sathya Sai Baba

Pratique


A prática é definitivamente imprescindível.

Podeis vos assentar e escutar-me, uma hora, diariamente, mas se não praticais, não dareis um só passo adiante. Depende, tudo, da prática. Nunca entenderemos estas coisas enquanto não fizermos a experiência. Temos de vê-las, senti-las, nós mesmos.

Somente ouvir explicações e teorias não basta.

Swami Vivekananda
Raja Yoga

Mente desperta


A possibilidade de um homem mudar a si mesmo,
se aperfeiçoar, se recriar, controlar o ambiente e dominar o próprio destino
é a conclusão a que chega toda mente que esteja bem desperta para
o poder do pensamento correto em ação construtiva.

Larsen

Em que está baseada a Linguagem Correta?


1) Está baseada em ouvir a voz do silêncio.
"Dê-me o ouvido o aluno, para saber como falar."

2) Baseada na meditação.
"Através da meditação podemos corrigir os erros do mal canto."

3) Baseada na verdade, ou de acordo com a realidade.

Alice Bailey
ESTUDIOS SOBRE LA "DOCTRINA SECRETA"
Parte 1: Sonido y Lenguaje

Seja flexível para atingir a meta


(...) Junte-se aos que são flexíveis como a madeira do seu arco, e entendem os sinais do caminho. São pessoas que não hesitam em mudar de curso quando descobrem uma barreira intransponível, ou quando vislumbram uma oportunidade melhor.

Essas é a qualidade da água: contornar rochas, adaptar-se ao curso do rio, as vezes transformar-se em lago até que a depressão esteja cheia e possa continuar seu caminho, porque a água não esquece que seu destino é o mar, e mais cedo ou mais tarde deverá chegar até ele. (...)

Paulo Coelho
O Caminho do Arco

Como ajudar o próximo


Ajudar os outros aliviando suas necessidades físicas é muito importante, porém o auxílio é tanto maior quanto maior é a necessidade e duradouro o auxílio. Se as necessidades de um homem podem ser aliviadas durante uma hora, devemos ajudá-lo; se podem ser remediadas por um ano, o auxílio será maior; porém se for eliminado para sempre, este será, sem dúvida, o melhor auxílio que lhes será prestado.

O conhecimento espiritual é o único que pode destruir nossas misérias para sempre; os demais só satisfazem as necessidades por algum tempo. O conhecimento do espírito é o único que consegue destruir para sempre o desejo; assim, o auxílio espiritual é o mais elevado auxílio que se pode oferecer ao homem.

Quem dá conhecimento espiritual é o maior benfeitor do gênero humano, e por isto vemos que foram sempre os homens de maior poder que auxiliaram a humanidade em suas necessidades espirituais, porque a espiritualidade é a verdadeira base de nossa vida.

Swami Vivekananda
Karma Yoga

Tao Te Ching - Aforismo 48 - Nada


Nada

Aquele que busca conhecimento, aprende algo novo todos os dias.
Aquele que busca o Tao (o caminho), desaprende algo todos os dias.

Menos e cada vez menos é feito
até se atingir a perfeita não-ação.
Quando nada é feito, nada fica por fazer.

Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
E não interferindo.

Lao Tse

Mentiras que contamos para nós mesmos



Há um obstáculo definido, uma razão categórica pela qual não podemos, tal como somos, ter consciência. Esse obstáculo principal no caminho do desenvolvimento é a mentira. Já me referi a mentira, mas devemos falar sobre ela, pois não sabemos o que significa, visto que nunca estudamos essa questão com seriedade. Contudo, a psicologia da mentira é realmente a parte mais importante do estudo do ser  humano. Se o homem pudesse ser descrito por um tipo de animal, diríamos que é um animal que mente.

Deixarei de lado todas as mentiras externas e só levarei em conta a mentira do homem a si mesmo em relação a ele próprio. Essa é a razão pela qual estamos no estado que nos encontramos hoje e não podemos chegar à um estado de consciência melhor, mais elevado, mais poderoso e eficaz. De acordo com o sistema que estamos estudando agora, não podemos conhecer a verdade, porque esta só pode ser alcançada no estado de consciência objetiva. Deste modo, não podemos definir o que é verdade, mas se considerarmos que a mentira é o oposto da verdade, podemos definir mentira.

A mentira mais séria se dá quando sabemos muito bem que não conhecemos e nem podemos conhecer a verdade sobre as coisas, e contudo, jamais agimos de acordo com isso. Sempre pensamos e agimos como se conhecêssemos a verdade. Isto é mentir. Quando sei que não conheço alguma coisa e, ao mesmo tempo, digo que conheço ou ajo como se conhecesse, isso é mentir. Por exemplo, não sabemos nada a nosso próprio respeito e realmente sabemos que não conhecemos nada; entretanto nunca reconhecemos ou admitimos esse fato; já mais confessamos até mesmo a nós; agimos, pensamos, falamos como se soubéssemos quem somos. Essa é a origem, o começo da mentira.

Quando compreendemos isso  e seguimos essa direção e tentarmos relacionar essa ideia com tudo o que pensamos, dizemos e fazemos, começamos a remover os obstáculos que estão no caminho da consciência.

Porém a psicologia da mentira é muito mais difícil do que pensamos, porque há muitos tipos de mentiras e muitas formas muito sutis, difíceis de descobrir em nós mesmos. Nos outros nós vemos de forma comparativamente fácil, mas não em nós mesmos.

Ouspensky
Quarto Caminho

"Somos advogados de nossos defeitos e juízes dos defeitos alheios."

Permissividade: a base das emoções negativas


(...) as emoções negativas são geralmente baseadas em algum tipo de fraqueza, porque na base delas há em geral uma espécie de auto-indulgência - somos permissivos. E, se não somos permissivos com os medos, somos com a raiva, e, se não com a raiva, com a autocompaixão

As emoções negativas sempre se baseiam em algum tipo de permissividade.

Ouspensky
Quarto Caminho

O Trabalho



(...) Deem-se bem conta disso, disse Gurdjieff, a esse respeito, cada homem tem um repertório definido de papéis que ele representa nas circunstâncias habituais. Tem um papel para cada espécie de circunstâncias em que se encontra habitualmente; mas, coloque-o em circunstâncias ligeiramente diferente e ele será incapaz de descobrir o papel que esteja de acordo com elas e, por um breve instante, tornar-se-á ele mesmo.

O estudo dos papéis que cada um representa é uma parte indispensável do conhecimento de si. O repertório de cada homem é extremamente limitado. Se um homem diz simplesmente "Eu" e "Ivan Ivanovitch", não verá a si mesmo por inteiro, porque "Ivan Ivanovitch" também não está sozinho; ca um tem pelo menos cinco ou seis deles: um ou dois para a sua família, um ou dois para o seu emprego (um para os superiores e outro para os subordinados), um para os amigos no restaurante e talvez outro também par as conversas intelectuais sobre assuntos sublimes. De acordo com os momentos esse homem está completamente identificado com um ou outro e é incapaz de separar-se deles.

Ver seus papéis, conhecer seu próprio repertório e, sobretudo, saber como é limitado, já é saber muito. Mas eis o mais importante: o homem, fora de seu repertório, isto é, logo que algo o faz sair de sua rotina, ainda que por um momento, sente-se terrivelmente pouco à vontade e faz então todos os esforços para voltar novamente, o mais depressa possível, a um ou outro de seus papéis habituais. Recai em seus trilhos e todas as coisas andam de novo sem tropeços para ele: desapareceu todo o sentimento de constrangimento e de tensão.

É sempre assim na vida. Mas, no trabalho, para observar a si mesmo, é absolutamente necessário admitir este constrangimento e esta tensão e não mais temer esses estados de mal-estar e de impotência. Só através deles pode um homem aprender a ver-se. É fácil perceber a razão. Cada vez que um homem não está num de seus papéis habituais, cada vez que não pode encontrar em seu repertório o papel que convém a uma situação dada, sente-se como um homem despido. Tem frio, tem vergonha, desejaria fugir para que ninguém o visse.

Entretanto surge a pergunta: que quer ele?  Se quer uma vida tranquila, deve, antes de tudo, nunca sair de seu repertório. Em seus papéis habituais, sente-se à vontade e em paz. Pois o trabalho e a paz são incompatíveis. O homem deve escolher. Sem enganar a si mesmo. É o que acontece quase sempre. Em palavras, diz escolher o trabalho, enquanto na realidade não quer perder a paz. O resultado é que fica com um pé em cada canoa. É a mais desconfortável de todas as posições. O homem não faz trabalho algum e, apesar disso, não obtém conforto. Infelizmente, é muito difícil para ele mandar tudo para o inferno e começar o trabalho real.

E por que é tão difícil? Antes de tudo, porque sua vida é fácil demais.

Até aqueles que acham a vida ruim estão habituados a ela e, no fundo, pouco lhe importa que ela seja má, uma vez que estão conformados com isso. Mas eis que se deparam com algo novo e desconhecido de que não sabem se poderão tirar ou não um resultado. E o pior é que deverão obedecer a alguém, terão que submeter-se à vontade de outro. Se um homem pudesse inventar para si mesmo dificuldades e sacrifícios, algumas vezes iria muito longe. De fato, isto é impossível. É indispensável obedecer a outro homem e seguir uma direção geral de trabalho cujo controle apenas poderia pertencer a um só.

Nada poderia ser mais difícil que esta subordinação para um homem que, em sua vida, se acha capaz de decidir tudo e de fazer tudo. Naturalmente, quando consegue libertar-se de suas fantasias e ver o que ele é na realidade, a dificuldade desaparece. Mas precisamente esta libertação só se pode produzir no decorrer do trabalho. É difícil começar a trabalhar e, principalmente, continuar a trabalhar, e é difícil por que a vida corre de modo demasiado fácil.


Ouspensky
Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido

Mente treinada

As possibilidades de treinar o pensamento são infinitas; suas consequências são eternas.

No entanto, poucos se dão ao trabalho de dirigir o pensamento para canais que lhes tragam benefícios. Em vez disso, deixam tudo ao acaso.

Marden

QUEM É VOCÊ? A Disciplina mais difícil é Ser o que você É


ALUNO: Como a disciplina se relaciona com ser o que você realmente é? Eu pensava que disciplina significava impor algo a você mesmo.

TRUNGPA RINPOCHE: A disciplina mais difícil é Ser o que você É. Constantemente tentar ser o que você não é, é muito mais fácil, porque fomos treinados a colocar seja a nós mesmos seja aos outros, nas categorias adequadas. E se você retira isto, a coisa toda fica muito irritante, muito chata. Não há espaço para se convencer a qualquer coisa. Tudo é bem simples.



Chögyam Trungpa Rinpoche
Crazy Wisdom
Traduzido por Eduardo Padma Dorje em 03/09/2001
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1024

Observando e Aprendendo


(...) Talvez você pense que atirar com o arco não pode interessar a um padeiro ou a um agricultor, mas eu lhe digo: eles colocarão o que viram naquilo que estão fazendo.

Você também fará o mesmo: aprenderá com o bom padeiro como usar usar as mãos, e como saber a exata mistura dos ingredientes. Aprenderá com o agricultor a ter paciência, trabalhar duro, respeitar as estações, e não blasfemar contra as tempestades – porque isso seria uma perda de tempo. (...)


Paulo Coelho
O Caminho do Arco

O pensamento e o estudo deve ter um propósito


Todo pensamento, estudo e investigação deve ter uma meta, um propósito e essa meta deve ser adquirir consciência.

É inútil estudar-se a si mesmo sem esse propósito. Só há razões para estudar-se quando já tivermos nos dados conta que não temos consciência e desejamos adquiri-la.

De outro modo isso será inútil. A aquisição da consciência está relacionada com a liberação gradativa da mecanicidade, pois o homem, tal como é, está plena e completamente subordinado às leis mecânicas. Quanto mais consciente o homem for, mais o homem se afastará da mecanicidade, isto é, mais livre se tornará das leis mecânicas acidentais.

Ouspensky
Quarto Caminho

POSITIVAÇÃO: Atitudes Negativas e Atitudes Positivas



Nossa atitude para com tudo na vida, com os outros e com nós mesmos, pode ser negativa ou positiva.

A atitude negativa (tradicionalmente chamado de "mal") inclui tudo o que neutraliza a leis da liberdade, unidade, auto-realização e auto-ativação.  A esta pertencem todas as tendências para restringir o direito do homem de viver a sua vida como ele pensa (desde que não viole o direito dos outros ou para com ele mesmo).

A esta atitude negativa pertencem todas as demandas moralistas de algum determinado modo de vida ou obediência a uma convenção, todos os obstáculos para a busca do conhecimento, todas as restrições à aspiração do homem para níveis mais elevados, todas as tendências ditatoriais, totalitários e autoritários (exceto medidas necessárias tomadas contra os infratores dos direitos dos outros), tudo o que tende a incutir medo no homem, pessimismo, desalento, a sensação de falta de sentido ou absurdo (abundância de exemplos na arte moderna), todos os tipos de calúnia, fofocas e curiosidades sobre a vida privada das outras pessoas, toda desconfiança e mesquinhez. E por último, e em principalmente: todos os julgamentos e moralizações.

A atitude positiva (tradicionalmente chamado de "bem") inclui tudo o que funciona em harmonia com as quatro leis da vida mencionadas anteriormente.

A atitude positiva se esforça para amar compreensivamente tudo que é humano, se esforça para ver o melhor em todos e desconsidera o pior lado como uma questão de princípio. Ela se abstém de julgar e moralizar, uma vez que olha mais profundamente e sabe que as falhas são sempre universalmente humanas, que vemos apenas o que nos dispomos a ver sobre nós mesmos, que quem quer que julgue outra pessoa julga a si mesmo.

Uma vez que tudo pode ser mal interpretado, deve ser dito aqui que a atitude positiva não implica neutralismo ou fraqueza a frente de violações de direitos. O homem positivo faz o seu melhor para combater a mentira, o ódio e a violência, intervém decididamente ao lado da violados, mas tenta ao mesmo tempo entender e não julgar o infrator - para esta atitude é necessário ser capaz de distinguir entre coisas e pessoas, os erros e o errante.

A atitude positiva diante da vida é baseada na confiança na vida e na confiança em si mesmo e fazer o seu melhor para incutir o mesmo espírito nos outros. Ela quer expor  e mostrar às pessoas as suas imensas possibilidades, o que nos dá poder, coragem e alegria; ajuda a mitigar nossa tendência arraigada a ser hipnotizado por obstáculos e fracassos.



Baseado nos escritos de Henry T. Lawrency
Escritor que se dedicou a desenvolver os pensamentos
da escola esotérica de Pitágoras
http://www.laurency.com/Fke/Fke9.pdf


Quando a Prática dá frutos


Charlotte Joko Beck (EUA, 1917 ~ 2011):

[...] O desejo que exige ter satisfação é o problema. É como se nos sentíssemos constantemente com sede e, para extinguí-la, tentamos colocar uma mangueira em alguma torneira na parede da vida. Continuamos pensando que com essa ou aquela torneira, teremos a água que precisamos. Ao escutar meus alunos, todos parecem sedentos por algo. Podemos conseguir um pouco de água aqui e ali, mas isso apenas nos atormenta. Estar realmente sedento não é divertido. [...]
Se estamos tentando por anos fixar nossa mangueira nessa ou naquela torneira, e cada vez descobrimos que não é suficiente, vai chegar um momento de profundo desencorajamento. Começamos a sentir que o problema não é falharmos em nos conectar com algo lá fora, mas que nada externo poderá jamais satisfazer a sede. É aqui que, bem provavelmente, começamos uma prática séria.
Este pode ser um momento horrível — compreender que nada jamais irá satisfazer. Talvez tenhamos um bom emprego, um bom relacionamento ou família, e ainda assim estamos com sede — e torna-se claro para nós que nada realmente pode preencher nossas demandas. Podemos compreender que até mudar nossa vida — rearranjar os móveis — também não vai funcionar. Esse momento de desespero é na verdade uma bênção, o verdadeiro começo.
Uma coisa estranha acontece quando abrimos mão de todas nossas expectativas. Obtemos um vislumbre de uma outra torneira, uma que permanecia invisível. Conectamos nossa mangueira a ela e descobrimos, para nosso deleite, que a água está jorrando. Pensamos: “Agora peguei! Peguei!”. E o que acontece? De novo, a água seca. Trouxemos nossas exigências para dentro da própria prática, e de novo estamos sedentos.
A prática precisa ser um processo de desapontamento sem fim. Temos que ver que tudo que demandamos (e até obtemos) eventualmente nos desaponta. Essa descoberta é nosso professor. [...] Eventualmente, ficamos suficientemente espertos para antecipar nosso próximo desapontamento, para saber que nosso próximo esforço para matar a sede também vai falhar. A promessa nunca é cumprida. Mesmo com uma prática longa, às vezes buscamos soluções falsas, mas ao perseguí-las, reconhecemos nossa futilidade muito mais rapidamente. Quando ocorre essa aceleração, nossa prática está dando frutos.


POSITIVAÇÃO: Tendências pessoais de Atração ou Repulsão



Já no reinos sub humanos,  a mônada tem conseguido adquirir uma tendência básica. Trata-se de uma ou de outra tendência: atrativa (positivo) ou repulsiva (negativo).

Tendo uma tendência básica atrativa, a mônada se esforça instintivamente para se adaptar aos seres ao seu redor, porque - embora vagamente - percebe sua unidade inevitável com eles. Tendo uma tendência básica repulsiva, a mônada se esforça para afirmar-se contra a vida que a rodeia, para explorá-la e dominá-la.

As duas tendências básicas desenvolvem-se ainda mais no reino humano dentro do amor e ódio, no desejo de unidade e na vontade de poder. Essas mônadas humanas que têm a tendência repulsiva devem superá-la, substituindo-a com a tendência atrativa, antes que elas possam alcançar o estágio causal. Isto exige um trabalho gigantesco, especialmente porque a maioria da humanidade em nosso planeta tem adquirido a tendência repulsiva.

Não é fácil para a minoria que está trabalhando para fortalecer ou adquirir atração, quando seu ambiente - com sua negatividade individual e coletiva (afetando-os  também telepaticamente) - contrapõe esse esforço.

Repulsão é o obstáculo mais maciço para a evolução do nosso planeta, coletivamente e individualmente.

A partir disso, está claro que o trabalho para a atração - a unidade, o amor, a compreensão, a tolerância, a fraternidade, a cooperação - é o trabalho mais importante que a evolução individual e do coletivo podem fazer. A base necessária para este trabalho é o indivíduo estar se esforçando para uma atitude positiva frente a vida.


Baseado nos escritos de Henry T. Lawrency
Escritor que se dedicou a desenvolver os pensamentos
da escola esotérica de Pitágoras
http://www.laurency.com/Fke/Fke9.pdf

As Leis da Vida na Evolução



Nos níveis mais baixos de evolução o homem vive de forma inconsciente e automática. Nos estágios mais avançados o homem pode trabalhar eficientemente por sua evolução através da aplicação das Leis da Vida. Todas as sete leis da vida trabalham juntas pela evolução do homem. Elas trabalham, todavia, de formas diferentes.

Três dessas Leis – as Leis do Desenvolvimento, Destino e Mérito (Colheita) – trabalham por uma longa série de encarnações sem que o homem seja capaz de diretamente influenciá-las ou seus efeitos. Elas determinam as condições básicas de cada encarnação. Porém, dentro das limitações que são inevitáveis em qualquer nível de Desenvolvimento, Destino e Mérito (Colheita), o homem muitas vezes é capaz de aplicar outras quatro Leis: As Leis da Liberdade, da Unidade, do Eu e da Ativação de forma eficiente e propositalmente. Assim, ele pode afetar indiretamente as outras leis também. Estas são, portanto, as quatro Leis mais importantes para o homem do ponto de vista evolutivo.

É uma visão errônea da Lei do Mérito (Colheita) que tudo o que encontramos na vida é apenas colheita (o chamado karma). A Lei da Liberdade exclui a possibilidade do chamado destino cego. Temos 99% de chances de mudar o nosso destino aparentemente inevitável. Mas, para isso, devemos ter uma atitude positiva diante da vida: a percepção de que temos o poder de superar obstáculos aparentemente intransponíveis.

O propósito da Lei do Mérito (Colheita) é nos fazer compreender a vida, fazer-nos respeitar a unidade, mostrando-nos de forma mais tangível qual a consequência quando temos a unidade, sob nossos pés. Se tivermos essa atitude, então devemos ser capazes de tomar os sofrimentos e adversidades tranquilamente e de uma forma positiva, tomá-los como as provações que devemos passar, a fim de ganhar força interior e resistência, qualidades necessárias e habilidades.

Normalmente levamos a Colheita no sentido negativo. Ao fazê-lo pioramos o efeito da colheita e até da nova semeadura. É verdade que o sofrimento do homem é auto-infligido. No entanto, apenas cerca de um décimo do seu sofrimento é uma Colheita ruim. Os restantes 9/10 deve ser entendido como a forma negativa de enfrentar sua má colheita: pela tristeza, preocupação, medo, depressão, tristeza, ódio, desejo de vingança, e assim por diante. A imaginação amplia as coisas e a imaginação nos faz reviver o sofrimento muitas vezes.

No “Estágio Cultural” o homem desperta para a percepção de que ele precisa aprender a controlar sua consciência, conscientemente mantendo seus pensamentos, sentimentos e imaginação sob observação. Assim ele descobre a arma mais eficiente que há em sua guerra contra o sofrimento. Usando-a, ele pode aprender a superar grande parte do seu sofrimento.


Henry T. Lawrence
escritor que se dedicou a desenvolver os pensamentos da escola
esotéricade Pitágoras na atualidade
http://www.laurency.com 

Dhammapada: Controle Emocional


Quem abriga pensamentos de hostilidade como:
Ele me maltratou, ele me golpeou,
ele me derrotou, ele me roubou, -
para aqueles que abrigam pensamentos como esses
a raiva nunca será apaziguada.

Quem não abriga pensamentos de hostilidade como:
Ele me maltratou, ele me golpeou,
ele me derrotou, ele me roubou, -
para aqueles que não abrigam pensamentos como esses
a raiva será apaziguada.

Dhammapada (versos 3 e 4)

Comentários*

Esse par de versos revela o princípio psicológico que é a base do controle Emocional. A Emoção é uma excitação do corpo que começa com um pensamento. Um pensamento cria uma “figura mental” que se agarrada faz surgir a emoção correspondente. Somente quando essa “figura mental” é descartada e não recebe atenção é que essa emoção se apazígua.

Um conselho constante do Buda aos seus discípulos era para “não retalharem” mas praticarem a paciência em todas as ocasiões e lugares, mesmo quando provocados. O Buda elogia aqueles que toleram as ofensas dos outros mesmos que eles tenham capacidade para retalhar. No próprio Dhammapada há várias ocasiões que mostram que o Buda praticava a paciência mesmo quando severamente criticado, abusado ou atacado. A paciência não é um sinal de fraqueza ou derrotismo, mas é uma infalível força dos grandes homens e mulheres.

O segredo da paciência é mudar a “figura mental” ou como a situação é interpretada. Um jataka (estórias de vidas anteriores do Buda) conta: o monge continuou repetindo no pensamento  “longa vida ao Rei e que ele esteja livre do mal” enquanto seus membros eram decepados até a morte por esse Rei cruel que queria testar a sua paciência.


*Michael Beissert

Praticar

Você realmente não precisa saber muitas coisas,
mas você definitivamente precisa praticar o que você sabe.

Swami Rama

Meditação Raja Yoga - Parte 12 - A sétima etapa: Dhyana


A fim de atingir o estado superconsciente de uma maneira científica, é necessário passar através dos vários estágios de Raja-Yoga. Depois de Pratyahara e Dharana, chegamos a Dhyana, a meditação. Dhyana é a sétima etapa da Raja Yoga.


Quando a mente foi treinada para permanecer fixa em um determinado local interno ou externo, chega a ela o poder de fluir em uma corrente ininterrupta, por assim dizer. Este estado é chamado Dhyana. 

Em Dhyana o foco no objeto atingido em Dharana se estabiliza e nele permanece. A concentração do iogue permanece no ponto entre as sobrancelhas e a meditação pode ser feita utilizando um pensamento semente. O pensamento semente se torna o objeto da meditação. 

Causas externas, movimentos internos e a reação 
Estas idéias devem ser compreendidas ao estudarmos Dhyana, ou meditação. Ouvimos um som. Primeiro há a vibração externa; segundo, o movimento dos nervos que a leva à mente; terceiro, a reação da mente, com a qual surge, como relâmpago, o conhecimento do objeto que era a causa externa dessas diferentes mudanças, desde as vibrações etéreas às reações mentais. Estes três fenômenos sã chamados, na yoga, sabda (som), artha (significado), e jnana (conhecimento). 

Na linguagem da fisiologia são chamados a vibração etérea, o movimento no nervo e cérebro, e a reação mental. Os três, através de processos distintos, misturaram-se de maneira a tornar-se indistinguíveis. De fato, não podemos agora perceber nenhum deles; apenas percebemos seu efeito culminado, que chamamos objeto externo. Cada ato de percepção inclui os três e não hã razão por que não podemos distingui-los.

Quando por prévia preparação, a mente se tenha tornado forte e controlada e obtido poder mais fino de percepção, deve ser utilizada na meditação. Esta, deve começar com objetos grosseiros e vagarosamente elevar-se a objetos mais finos, até tornar-se sem objeto. A mente deve primeiro dedicar-se a perceber as causas externas das sensações, depois os movimentos internos e depois sua própria reação. Quando conseguir perceber, isoladas, as causas externas das sensações, obterá o poder de perceber todas as existências materiais sutis, todos os corpos e formas finos

Quando assim  consegue perceber os movimentos internos em si mesmos, terá o controle de todas as ondas mentais, em si mesma ou nos outros, antes mesmo que se tenham traduzido em energia física. E quando a mente do iogui estiver apta a perceber a reação mental em si mesma, terá adquirido o conhecimento de tudo, desde os objetos sensíveis, como todo pensamento, são o resultado dessa reação. Então o iogui verá os alicerces da mente e ela estará sob seu perfeito controle.



Swami Vivekananda
Raja Yoga


Disciplina: aprendendo a guiar nossas energias

A essência do meu conselho é que se deve aprender a disciplinar-se. Disciplina significa guiar a energia adequadamente em três direções: a mente, a ação e a fala.

A disciplina não significa prender-se, reprimir-se, suprimir-se, ou torturar a si mesmo. Significa aprender a guiar as energias que temos e aprender a ser positivo na vida.

Negatividade não ajuda. Ela é como um veneno de efeito lento. Mas o pensamento positivo é como néctar, e definitivamente ajuda.

Swammi Rama

Tornar-se a Verdade

É importante para nós 
não somente conhecer a verdade,
mas também, tornar-se a verdade.


Lama Tashi Namgyal
The Ninth  Karmapa’s  Ocean of  Definitive  Meaning


Consciência Dualista e Consciência Primordial



Se pudermos transcender a consciência dualista, atingindo assim a consciência primordial, então pode-se ver as coisas com precisão, assim como elas são, sem qualquer projeção conceitual.

Somos tentados a dizer que, tendo transcendido as "fantasias intensificadas", há "fatos", mas estes são totalmente fatos não-conceituais que não possuem toda a solidez que eles tem na percepção comum que nós sobrepomos.

Ao ver as coisas com precisão como elas são, pode-se responder as coisas apropriadamente, sem idéias preconcebidas. Neste nível de percepção inequívoca, tomar decisões apropriadas e inconfundivelmente compassivas é decididamente possível.


Thrangu Rimpoche
The Ninth Karmapa’s Ocean of  Definitive Meaning



Meditação Raja Yoga - Parte 11 - A sexta etapa: Dharana



A sexta etapa da Raja Yoga é chamada de Dharana.

Dharana consite em concentrar a mente em um único ponto ou objeto, sustentando essa concentração. O propósito é investigar a verdade por traz do objeto da meditação. Mantendo a distinção do objeto e suas propriedades, daquilo que o circunda, conduz a uma clara e vigorosa consciência do objeto.[1]. A meditação ocorre com Dharana e Dhyana juntamente.

Em Dharana investigamos as "Quatro Perspectivas" (Forma, Qualidade, Propósito e Causa) de um objeto de meditação e depois a registramos em um papel.[2]

Patanjali [3] diz "A consciência de um objeto é alcançada pela concentração em sua quádrupla natureza:

  • A forma - através do exame
  • A qualidade (gunas) - através da participação discriminadora
  • O propósito - através da inspiração
  • A causa (Alma) - através da identificação."

Essa é uma das etapas mais interessantes da meditação Raja Yoga, pois é nessa etapa que o conhecimento da Alma começa fluir para a personalidade. Dharana deve ser aprimorada pelo pelo discípulo através da prática e do estudo mais aprofundado. Esse texto é apenas um passo inicial.

[1] Sharma, Devinder Enlightenment Is the Secret to Fly, p.541

Concentração e Relacionamento

Nós não devemos simplesmente pensar sobre Deus, nós devemos nos concentrar Nele; pensar cria teologia, concentrar-se cria relacionamento.

Apenas o relacionamento proporciona experiência.

Anthony Strano
O Ponto Alfa

Meditação Raja Yoga - Parte 10 - A quinta etapa: Pratyahara


A quinta etapa da Raja Yoga é chamada de Pratyahara.

O que é Pratyahara? Sabemos como nascem as percepções. Em primeiro lugar há os instrumentos externos, depois os órgãos internos, funcionando no corpo através dos centros cerebrais, e por último, a mente. Quando todos se juntam e se ligam a algum objeto externo, então, percebemo-lo. Ao mesmo tempo, é bastante difícil concentrar a mente e ligá-la a apenas um órgão; a mente é a escrava de objetos físicos.

Todas as ações, internas e externas, ocorrem quando a mente se liga a determinados centros, chamados órgãos. Querendo ou não, as pessoas juntam suas mentes aos centros. Essa, a razão por que cometem ações tolas e sentem-se infelizes.

Porém, se tivessem a mente sob controle, não agiriam assim. Qual seria o resultado de controlar-se a mente? Seria o de evitar que eia ficasse ligada aos centros de percepção, e, naturalmente, o sentir e o querer estariam sob controle. É claro até aqui. Mas, isto é possível?

Mente o macaquinho maluco
Quão árduo é controlar a mente! Bem foi ela comparada ao macaquinho maluco, da história. Havia um macaquinho, inquieto por sua própria natureza, como todos os macacos. Como se não bastasse isso, alguém o fez beber bastante vinho, de forma que se tornou ainda mais irrequieto. Então, um escorpião o ferrou. Quando uma pessoa é ferrada por um escorpião, salta de dor durante todo um dia, O pobre macaquinho sentiu-se absolutamente miserável. E para completar sua desgraça, um demônio o possuiu. Que palavras podem descrever a sua incontrolável inquietação?

A mente humana assemelha-se ao macaquinho. Incessantemente ativa por sua própria natureza, embriaga-se com o vinho do desejo, que lhe aumenta a turbulência. Depois que o desejo apoderou-se dela, vem o ferrão do escorpião do ciúme pelo sucesso dos outros; e por fim o demônio do orgulho instala-se na mente, fazendo-a atribuir-se muita importância. Quão árduo o controle da mente!

Acalmando a mente

Portanto, a primeira lição é sentar-se por um tempo e deixar vagar a mente. Ela está em efervescência durante a maior parte do tempo. Assemelha-se àquele saltitante macaquinho. Que o macaco salte quanto queira; simplesmente esperai e observai.

Conhecimento é poder, diz o provérbio, e é verdadeiro. A menos que se saiba o que a mente está fazendo, não se pode controla-la. Entregai-lhe as rédeas, talvez surjam muitos terríveis pensamentos; ficareis admirados ao ver que é possível ter tais pensamentos; mas encontrareis que a cada dia que passa, as divagações da mente serão menos violentas, que gradualmente ela se vai tornando mais tranquila.

Nos primeiros meses notareis na mente uma infinidade de pensamentos; depois, que vão diminuindo e que em mais alguns meses serão bem poucos, até que, por fim, a mente estará sob perfeito controle.

Controlar a mente e não permitir que ela se ligue aos centros, é Pratyahara. Como consegui-lo? É um trabalho imenso; não pode ser feito num dia. Somente pelo esforço contínuo, paciente, durante anos, teremos êxito.



Swami Vivekananda
Raja Yoga


Prática do caminho escolhido


É importante para todos os buscadores e aspirantes escolham um caminho definido e pratique-o. Sem prática nada pode ser alcançado. Bem-aventurados são aqueles que estão no caminho.

Um dia eles vão chegar ao seu objetivo e alcançar a liberdade de todas as dores e misérias.

Swami Rama

Meditação Raja Yoga - Parte 9 - A quarta etapa: Pranayama



Pranayama é um dos mais importantes métodos da ciência do Yoga. Porém na Raja Yoga sua importância é secundária, ao contrário da Hata Yoga onde os exercícios respiratórios são muito importantes.

A função do Pranayama é possibilitar ao aspirante o controle sobre o sistema nervoso. Um gradual controle sobre esse sistema possibilita o controle da mente e do "prana" (energia vital). Pranayama também é o processo que objetiva auxiliar a nos mantermos não afetados por pensamentos perturbadores, mantendo o corpo e a mente perfeitamente alinhados e com saúde.

Na Raja Yoga, o Pranayama é realizado de forma simplificada. Deve-se manter a respiração normal, sem qualquer controle sobre ela, apenas observando seu ritmo (influxo e efluxo). A concentração na respiração ajuda a mente a se acalmar, aumentando a concentração no objeto da meditação.

O Pranayama na Raja Yoga é um método acessório e não o objetivo em si.

Swami Rama
Path of Fire



Rigpa: o estado de presença desperto



Rigpa é um estado de presença claro e desperto que transcende a mente pensante comum. Ele é como o sol que aparece quando as nuvens dos pensamentos se afastam. Rigpa é não-composto, não tem começo nem fim. Em sua essência ele é primordialmente puro [kadag] e sem elaborações, o que chamamos ainda vacuidade. Mas em sua natureza, ele é luminosidade espontaneamente presente [lhundrup]. Esses dois aspectos são indissociáveis.

Do ponto de vista de rigpa, a mente conceitual sem, as paixões, etc., não são senão um jogo oriundo de sua criatividade luminosa. Há, pois uma imensa diferença entre mente comum, sem e rigpa.

Sem é um epifenômeno de rigpa, uma simples função da claridade e de seu movimento. Rigpa é um estado claro e sem distrações onde nenhum apego é possível. Nesse estado, tudo que surge não é mais que uma exibição sem finalidade e dissolve-se sem deixar traço, como uma vaga no oceano ou um desenho sobre a água.

Comparamos tradicionalmente rigpa a um espelho. O espelho tem duas características: ele é vazio em si-mesmo, e simultaneamente ele tem potencialidade de refletir claramente todas as espécies de aparências, belas ou feias. Essas aparências, visíveis no espelho, são incapazes de o sujar, pois ele permanece vazio por essência. Estar sob a influência da mente comum e do apego, é estar fascinado pelos reflexos e se lançar em perseguição, seduzido por uns, irritado ou desgostoso com outros. Estar no estado de rigpa consiste em contemplar a exibição dos reflexos permanecendo na condição natural do espelho, sem estar distraído. Os reflexos não têm nenhum poder sobre o espelho, e este permanece imutável e sem manchas. Assim, do ponto de vista do espelho os reflexos não criam nenhum problema. Se quando vemos as projeções, esquecemos no mesmo instante a condição natural, a ilusão se instala.

Nos textos antigos do dzogchen, em particular do semde, rigpa é também chamado tchang tchoup sem, quer dizer bodhichitta ou "mente de iluminação". Mas esse termo tem uma significação especial no dzogchen. Tchang significa "totalmente puro", sendo sinônimo de kadak. A pureza primordial de rigpa. Tchoup significa "realizado", "perfeito", e evocando aqui a natureza espontaneamente realizada de rigpa [lhundrup]. Sem é, pois aqui a natureza da mente primordialmente pura e espontaneamente presente, e não mais a mente no sentido comum.


Longchenpa
Do livro "La liberté naturelle de l’esprit"
Apresentado e traduzido do tibetano por Philippe Cornu
Tradução para o português Karma Tenpa Dharguy
http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1166


Meditação Raja Yoga - Parte 8 - A terceira etapa: Asana



A terceira etapa da Raja Yoga  é  Asana,  ou postura. Apesar da Raja Yoga ter foco no desenvolvimento da mente, algumas observâncias podem ser feitas quanto à postura física mais adequada.

Vejamos abaixo as instruções de Swammi Vivekananda sobre Asana:
Devemos   cumprir,  diariamente, uma série de exercícios, físicos e mentais, até  alcançarmos estados mais elevados. Portanto é absolutamente  necessário que encontremos uma postura na qual possamos permanecer   durante   muito tempo.   Essa   postura,  a  mais  cômoda, deve ser a escolhida. Para pensar, uma determinada  postura pode ser muito cômoda para uma pessoa, enquanto  que para outra pode ser desconfortável. Saberemos mais tarde, que durante o estudo destes assuntos psicológicos, o corpo se  torna teatro de grande atividade. 
Correntes nervosas serão  deslocadas   e   encaminhadas   através   de   um   novo   canal.  Surgirão novas espécies de vibrações; a constituição inteira  será remodelada, por assim dizer. Mas a parte essencial da  atividade permanecerá ao longo da coluna vertebral; portanto  a única coisa necessária para a postura é manter a coluna livre,  sentando-nos   eretos,   de   modo   que   as três partes – peito,  pescoço e cabeça – fiquem em linha reta. Que o peso total dessas partes descanse nas costelas, e teremos uma postura  natural e cômoda, com a coluna reta. Notamos, facilmente, que  não   conseguiremos   produzir   pensamentos   elevados,   com   o  peito para dentro.
O foco da postura é muito mais em uma posição onde possamos permanecer por algum tempo, para podermos praticar as reflexões com semente e a contemplação. Não é foco da Raja Yoga o desenvolvimento de posturas para fortalecimento do corpo físico como é feito na Hatha Yoga. Uma mente treinada pode harmonizar todo o sistema corporal sem a necessidade de posturas e exercícios físicos que exijam grande esforço.

Na Raja Yoga a postura é apenas observada para que permita ao meditador permanecer o tempo que for necessário em uma postura, sem estressar seu corpo e mantendo a coluna ereta. Sentar-se em um poltrona ou cadeira, de forma confortável, com a coluna ereta é o suficiente.

Liberdade


Somente o conhecimento da verdade sobre si mesmo é libertador; toda e qualquer ilusão sobre si mesmo é escravizante.

Roberto Rohden

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